Sábado, 30 de Julho de 2011

A breve pausa de Verão

 

Cornetto time, pois.

 

 

 

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publicado por RJ às 09:33
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Amor de outros tempos

 

"Super 8" fala de primeiros amores. O primeiro amor à arte, neste caso o Cinema, e o primeiro amor por outra pessoa.

É um pedaço de Cinema saído dos anos 70 e 80, que trás a magia de amar os filmes nesse tempo, para os dias de hoje. Para um tempo, em que a maior parte dos jovens já não compreende essa magia.

 

Ver este novo filme de J. J. Abrams com jovens adolescentes a falar incessantemente na sala, fazendo comentários idiotas e mexendo nos telemóveis, é triste, mas dificilmente poderia ser uma melhor representação da mudança dos tempos, e de como a noção de amor puro ao Cinema está a desaparecer, correndo-se o perigo de este tornar mais um fast-food.

O Cinema perdeu magia quando deixou de ter casa e passou a ter um apartamento alugado num centro comercial.

 

Se amam o Cinema, vejam o "Super 8", e defendam a magia.

 

 

 

publicado por RJ às 09:14
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Despedida da infância

 

"Harry Potter and the Deathly Hallows - Part II"

 

Harry Potter: Why are you here, all of you?
Lily Potter: We never left.

 

 

Harry Potter percorreu um longo caminho desde que abandonou aquele pequeno armário debaixo das escadas para conhecer um mundo mágico. Nesses dias, dava os primeiros passos para a entrada na adolescência, e via as suas esperanças de criança tornarem-se realidade. Depois, já adolescente, aprendeu que além de o mundo poder ser mágico, pode ser mau, muito mau, e que muitos adultos abandonaram definitivamente as suas esperanças de criança. Agora, Harry torna-se um adulto, o que, com todas as responsabilidades que acarreta, significa que é a sua vez de transformar o mundo.

 

O que faltou a Harry Potter, foi essencialmente uma visão de conjunto. Os primeiros filmes foram feitos quando o final da história ainda estava em aberto, e foram quatro os realizadores que preencheram a pouco e pouco o mundo de Hogwarts, cada um à sua maneira. A falta da visão de conjunto fez com que, em certos aspectos, a saga não seja um produto tão coeso como deveria ter sido. Nem sempre se deu real tempo de antena às coisas que eram fundamentais para a história, e as coisas iam passando demasiado depressa, (o que foi particularmente visível no "Order of the Phoenix", o filme mais fraco).

Mas ter ainda um ou dois filmes pela frente é muito diferente de estar a fazer o último filme, e nota-se que a responsabilidade de ter de encerrar com chave de ouro surtiu um efeito positivo. Fizeram-se cortes apropriados na história, como o do passado de Dumbledore, mas felizmente não se resolveu à pressa a sub-história de Snape, que era a parte do livro em relação à qual eu estava com mais receios, devido à forma atabalhoada como a série tratou em filmes anteriores os flashbacks.

Um dos grandes trunfos da série foi Alan Rickman, e neste capítulo final, os louros são entregues ao seu Severus Snape com o devido cuidado. Juntamente com a cena da Floresta Proíbida, a viagem às memórias de Snape é das melhores cenas deste filme, e de toda a saga, e parte fundamental do ritual de passagem. Faz parte do ser adulto, a consciência de que o mundo não é preto e branco, e a descoberta do Bem em pessoas em que antes viamos apenas o Mal, e vice-versa.

 

Algumas das poucas cenas atabalhoadas do filme, são curiosamente (ou não), igualmente atabalhoadas no livro, como a morte do velho guia de Harry, o professor Lupin. Aqui, foi fruto do querer ser fiel ao livro, quando talvez tivesse sido melhor tomar alguma liberdade criativa. É das adaptações da saga mais fiéis, aspecto novamente revelador do desejo de não desiludir os fãs.

O trio principal também não se desleixou, e como poderia? Era sobre eles que grande parte das expectativas recaíam. Emma Watson convence-me de que será quem terá mais hipóteses de um excelente futuro profissional "pós-Potter", o que já vem do filme anterior, em que, juntamente com Rupert Grint teve mais espaço para brilhar e mostrar do que é capaz. Nesta segunda parte, o foco vai para Harry, e Daniel Radcliffe dá-nos uma das suas melhores prestações da saga. Emma pode ser quem tem mais talento, mas apesar das críticas, sempre achei Daniel um excelente retrato do Harry que via nos livros. Foi alguma falta de atenção a cenas emocionalmente fortes anteriormente que por vezes o impediu de ir mais além. Logo, assumindo-se o triste ambiente de despedida, teve mais espaço para brilhar. Soube lidar bem com as cenas emocionais que mais significado têm para a sua personagem, e para a história no geral, e assume-se sem medos como Harry.

 

Harry percorreu de facto um longo caminho, mas nós também. Ele cresceu, e nós crescemos com ele. Este é o significado fundamental que as suas aventuras têm, pois mais do que uma história de feiticeiros e criaturas mágicas, a sua saga é uma crónica das fases do crescimento que nos levam, como a ele, a entrar na idade adulta. A ver "Harry Potter and the Deathly Hallows - Part II" não nos estamos só a despedir de Harry Potter, estamos a despedir-nos de quem éramos quando começámos a acompanhá-lo.

É surreal pensar que já não voltaremos a entrar na sala de Cinema para o ver, e mesmo depois de as luzes se apagarem não acreditamos. É a parte mais difícil da passagem para o mundo dos crescidos, conseguir reunir coragem para nos despedirmos da criança de outrora.

Harry também tem de reunir essa coragem, e o momento da despedida chega-lhe na Floresta. É claramente o ponto em que o jovem dá lugar ao adulto, reconciliando-se com o seu Passado através de uma visita final dos adultos que o protegeram, para tomar o lugar destes. Não admira que um pouco por toda a sala, caiam algumas lágrimas.

 

Quando nos tornamos adultos, chega a tendência para duvidarmos dos sonhos e das esperanças que tivemos quando éramos crianças. Dumbledore aparece para tranquilizar Harry, e para nos tranquilizar a nós. O que é dito a Harry mais não é do que a própria autora, J. K. Rowling a falar. As palavras são algo poderoso, e os sonhos da infância e da adolescência não devem ser esquecidos, se nos queremos tornar em adultos capazes de ajudar e compreender as crianças do futuro.

O epílogo da história, destina-se a essas crianças. Até agora, a saga teve um lugar especial nos corações de uma ou duas gerações, e essas gerações estarem a despedir-se de Harry no Cinema não deve significar que outras não o possam descobrir. O comboio da estação nove e três quartos estará lá, para ser apanhado por todos os que no futuro quiserem conhecer ou revisitar o mundo mágico, e será isso que tornará esta história eterna.

Claro que tudo aconteceu na nossa cabeça, mas porque é que isso haveria de significar que o tempo que passámos com Harry não foi verdade?

 

 

9/10

 

 

 

publicado por RJ às 07:27
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Quinta-feira, 28 de Julho de 2011

As calças de ganga divinas

 

Com os jeans do Chuck Norris, também tu podes ser um mestre no roundhouse kick, esse golpe ancestral capaz de contrariar ataques de ninjas e abater helicópteros.

Agora, até Deus vai passar a usar calças de ganga.

 

E viva o Todo-Poderoso Chuck Norris!

 

 

 

publicado por RJ às 02:11
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Steve Buscemi inspira moda feminina

 

Não há dúvida de que em "Boardwalk Empire", Steve Buscemi recebe muita atenção feminina, mas parece-me que o próprio Nucky Thompson acharia isto um sinal de gratidão um pouco exagerado...

 

 

 

publicado por RJ às 00:55
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Domingo, 24 de Julho de 2011

Duelo de Titãs #6

É o Duelo de Titãs! Duas personagens lendárias do Cinema competem pelo vosso amor, qual sairá vencedora? Deixem a resposta nos comentários, onde encontrarão também a minha escolha.

 

 

 

Han Solo VS Deckard

 

 

Chewbacca foi passar o Natal a Kashyyyk com uns primos, e Han Solo aproveitou a ocasião para viajar no seu Millenium Falcon até uma zona da galáxia onde existem bons espectáculos de dançarinas exóticas. Infelizmente, adormece ao volante e vai parar à Terra!

Nesta Terra do ano 2019, os humanos vão já adiantados na exploração espacial, tendo muitos partido em direcção às estrelas, e são usados replicants, género de andróides, para efectuar todo o tipo de trabalho. O planeta Terra entretanto é um mundo melancólico e muito poluído, onde chove constantemente.

Os replicants têm no entanto uma tendência para se entusiasmarem demasiado com questões existênciais, o que faz com que seja necessário exterminar um ou dois de vez em quando. Para essa tarefa, existem os Blade Runners, caçadores de replicants, e o melhor Blade Runner é Deckard.

A hyperdrive do Millenium Falcon ficou avariada com a aterragem e Han Solo precisa de arranjar dinheiro rapidamente para comprar uma nova. Depara-se então com o anúncio de uma recompensa choruda pela captura de um perigoso replicant, e lança-se na sua procura, ignorando que Deckard fez o mesmo...

 

 

Duas personagens icónicas de Harrison Ford, que são simultaneamente dois ícones da ficção-científica. O caçador de prémios com bom coração contra o detective noir do futuro, quem ganha? 

 

 

 

publicado por RJ às 21:36
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Sábado, 23 de Julho de 2011

O labirinto urbano

 

"After Hours"

 

Paul Hackett: I want to live.

 

 

Sou o tipo de pessoa a quem acontecem muitas coincidências, do género, sentar-se ao meu lado numa sala de Cinema alguém que conheço, totalmente por acaso. Logo, filmes sobre o acaso atraem-me.

Costuma-se dizer que o mundo é pequeno, mas não creio que o problema seja esse. A confusão criada pela colisão constante dos milhões de vidas humanas é que é demasiado grande. "After Hours", uma pérola de Martin Scorsese injustamente esquecida, retrata esta confusão.

 

É igualmente parte da sabedoria popular que cada cidade é na verdade, duas cidades. Uma de dia, outra de noite. E a noite é por definição, o espaço da ilegalidade, do proíbido. O Homem, à semelhança das cidades, é também duplo, diferente à noite daquilo que é durante o dia. À noite cede mais facilmente ao instinto, perde mais facilmente o controlo. Na noite, podemos esquecer aquilo que somos.

 

O protagonista é um de nós. Tem uma vida pacata e previsível como empregado de escritório, nada de grandes agitações nem aventuras, até que, como não poderia deixar de ser, conhece uma mulher. Uma mulher num café ao final da noite que o convida a segui-la para a baixa de Nova Iorque. E quantos de nós não nos perguntámos já sobre o que teria acontecido se tivessemos ido atrás daquela rapariga que conhecemos no comboio, no metro, no café? São as infinitas possibilidades deixadas por estes encontros formados pelo acaso, e aquele homem comum, arriscou persegui-las.

 

Inevitavelmente, o que parecia algo terrivelmente simples torna-se incrivelmente complicado. Seguir a mulher enigmática do café será apenas o primeiro passo para uma sucessão de incríveis coincidências que mergulham Paul numa espiral de acontecimentos que o afasta cada vez mais do regresso a casa. Por mais que tente, falta sempre realizar mais uma tarefa que lhe comprará o regresso, mas a teia do acaso não o solta, por muito que ele se debata. Tudo o que podia acontecer, acontece, e tudo o que podia correr mal, corre mal.

É um misto de comédia sobre coincidências e viagem em direcção a um estado de paranóia, que nos deixa tão absorvidos na teia que vai tecendo como o próprio protagonista, fruto de um argumento verdadeiramente brilhante e de um Scorsese inspirado no estilo do mestre do suspense, Alfred Hitchcock.

A cada reviravolta a ansiedade cresce, alimentando a nossa frustração de ver Paul regressar finalmente a casa, sem nunca se perder um humor irónico que impede o filme de ter um tom excessivamente pesado, que conduzisse mesmo o protagonista e o espectador à insanidade.

Os twists são brilhantes, usando pequenos pormenores para se entrelaçarem, e apoiando-se em coincidências que mesmo sendo improváveis, nunca caem no exagero. A impedir o exagero está, além do sentido de humor, uma lógica na formação da grande cadeia do acaso, que termina tudo em full circle. O final é o melhor que se poderia imaginar, não creio que houvesse forma mais brilhante de terminar aquela longa noite.

 

Griffin Dunne é perfeito como protagonista por representar na perfeição alguém que podia ser qualquer um de nós. Parece ter passado da realidade para a tela de Cinema. E é impressão minha, ou parece-se um pouco com uma versão mais nova do próprio Scorsese?

 

Uma obra-prima de Martin Scorsese, que retrata o quão louca pode ser a baixa de Nova Iorque à noite, e o quão poderoso é o efeito das coincidências.

Se estiverem à procura de uma aventura já sabem, sigam a mulher enigmática do café.

 

 

9/10

 

 

 

 

publicado por RJ às 01:58
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Sem caminho de regresso

 

Street Pickup: Why don't you just go home?
Paul Hackett: Pal, I've been asking myself that all night.

 

("After Hours", 1985)

 

 

 

publicado por RJ às 01:37
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Sexta-feira, 22 de Julho de 2011

Temos anões!

 

 

Aqui estão reunidos os treze anões (neste post só couberam sete), do "The Hobbit", que com a ajuda de Bilbo Baggins e Gandalf o Cinzento, tentarão recuperar o seu reino e os seus tesouros das mãos (ou melhor, patas), do dragão Smaug.

 

Como o próprio Peter Jackson reconhece, uma das grandes dificuldades em adaptar a prequela do "The Lord of the Rings" ao grande ecrã é o facto de, além do hobbit do título e de um certo feiticeiro de chapéu bicudo, o filme ser protagonizado por nada mais nada menos do que TREZE anões.

Nos livros, os anões são descritos como sendo muito parecidos uns com os outros, baixos e barbudos, sendo mesmo dificíl distinguir o anão macho do anão fêmea (que muitas vezes é igualmente barbuda), o que coloca grandes desafios quanto a como retratá-los no grande ecrã. Seria tolo fazer treze personagens extremamente parecidos mas vestidos de cores diferentes, por exemplo. E além de ser necessário fazer com que o espectador os consiga distinguir uns dos outros no ecrã, é necessário fazer o espectador importar-se com o que lhes acontece. Com tantos anões não seria difícil que não se desse pela falta de dois ou três.

Portanto, dois desafios, o retrato visual e o da personalidade. Por enquanto, apenas podemos comentar o primeiro.

 

Na saga dos anéis havia apenas um anão, o fantástico Gimli, que por ser o único representante da sua espécie em toda aquela epopeia, foi retratado como o anão típico. Depois, em termos de personalidade foi maravilhosamente interpretado pelo John Rhys-Davies, e estabeleceu desde cedo uma excelente relação com o espectador, através da amizade formada entre ele, Legolas e Aragorn, (três povos da Terra-Média unidos).

Com treze anões à sua disposição e a difícil tarefa de os tornar facilmente reconhecíveis, Jackson pôde criar variações do protótipo do anão, mantendo os elementos-chave da sua raça.

O líder, Thorin (o anão central), evidencia imediamente características de guerreiro determinado e orgulhoso, e é capaz de se tornar o herói de acção do grupo. Depois temos variações mesmo dentro dos anões mais velhos (com destaque para Balin, o da barba branca à Pai-Natal e Gloin, que se percebe logo ser o pai de Gimli, o segundo a contar da esquerda na imagem do post), mas onde surgem as maiores diferenças é entre os mais novos. O primeiro a contar da direita na imagem completa, Kili, é a mais clara, e deverá ser o elo de ligação à camada feminina mais jovem da audiência, o que se compreende devido à falta do Orlando Bloom entre os protagonistas. Apresenta ainda umas influências élficas (o arco e flechas), que me deixam curioso. Será este um anão mais tolerante em relação a elfos, que tenta fazer a ponte entre as duas culturas?

Colocar treze homens barbudos ao lado de um homenzinho de pés peludos e de um velho ancião como protagonistas, dificilmente chamaria a atenção feminina, e o livro não tem nenhuma mulher, por isso é apenas natural que se tente tornar um ou dois anões mais chamativos para essa secção da plateia, e que se adicione uma personagem feminina, como já foi anunciado. Trata-se de uma elfo chamada Tauriel, interpretada pela Evangeline Lilly, o que cria também interesse da secção masculina, claro.

 

Parece-me que Peter Jackson tomou a abordagem certa. É um grande feito, conseguir individualizar no grande ecrã um grupo que facilmente seria demasiado homogéneo, e estou convencido de que Jackson o conseguirá fazer.

Estamos a caminho de um glorioso regresso à Terra-Média.

 

 

publicado por RJ às 23:50
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Quarta-feira, 20 de Julho de 2011

O Homem-Aranha da geração "Twilight"

 

Já está o trailer do "The Amazing Spider-Man".

 

Ainda não me consegui mentalizar de que para o ano estreia o reboot do Homem-Aranha.

Os filmes do Sam Raimi foram altamente aclamados, especialmente os dois primeiros, que são das melhores adaptações de comics para o grande-ecrã, e marcaram o imaginário tanto de miúdos como de graúdos. Já não é possível imaginar o Aranhiço sem pensar naqueles filmes. Raimi e Tobey Maguire estavam prontos para avançar para o quarto filme, mas por desacordos com a Sony o acordo foi cancelado, e em vez disso, a produtora decidiu começar tudo do início.

Ora bem, o primeiro "Spider-Man" é de 2002, e o último é de 2007! Foi há quatro anos que vimos Maguire como Homem-Aranha nos cinemas pela última vez, e daqui a uns meses vamos ver novamente como Peter Parker se torna super-herói, apesar de a maior parte da população do planeta saber de trás para a frente como é que isso aconteceu, e que "com um grande poder vem uma grande responsabilidade", etc...

 

Resumindo, é ridículo. Qualquer dia, começam a planear refazer filmes no dia de estreia.

Esta febre do reboot e remake é não só um perigo para a originalidade, como um perigo para o próprio Cinema. Existem muitos filmes que só passados alguns anos é que foram conquistando amor entre apreciadores de Cinema. Quem ama filmes sabe bem que os filmes são algo para ser degustado, visto e revisto à medida que se cresce, porque com o passar dos anos, em contextos diferentes, o filme ganha novos significados e é-lhe reconhecida ou negada, qualidade.

Está portanto em causa o crescimento do filme culturalmente, para a sociedade que o vai redescobrindo. A obra vai marcando não só a mesma pessoa, mas novos espectadores, que a descobrem pela primeira vez. Só através deste processo é que se descobre se o filme sobrevive ou não ao teste do tempo.

Um filme é pois, o retrato do tempo em que foi feito, e pode definir o rumo de um género cinematográfico, como aconteceu com os "Spider-Man", que foram tidos como exemplo de como fazer um bom filme de super-heróis para os anos 2000. E tanto que é um retrato do seu tempo, que responde a modas.

 

A decisão de refazer esta saga, e o modo de a refazer, é fruto de uma moda.

Há não muito tempo, uma espécie de novela de vampiros adolescentes começou a fazer milhões e a definir os gostos de uma boa fatia da demografia dos jovens espectadores de Cinema. Proliferaram os Emo's, espécie de adolescentes com tendências depressivas que vêem as suas questões existênciais retratadas nomeadamente na obra de uma certa Stephenie Meyer, a saga "Twilight". Adaptada ao Cinema, tornou-se numa mina de ouro que explora sobretudo a obsessão que as fãs histéricas da saga alimentam em relação aos seus protagonistas, heróis supostamente perseguidos por conflitos com um lado sombrio da sua natureza, que mais não é do que falta de capacidades para a carreira de actor.

Ora eu, quando vejo naquele trailer, o Peter Parker no fundo da sala de aula de capuz posto com ar de quem está a planear como cortar os pulsos, não consigo deixar de suspeitar que isto é um reboot feito a pensar nos jovens Emo. O que é triste.

 

Eu sou fã do Aranhiço desde pequeno, e apesar de não ter um conhecimento enciclopédico sobre a personagem, do que conheço de comics e desenhos-animados, ele é tudo menos um jovem adolescente depressivo. Sim, perdeu os pais e o tio e tem de derrotar o Duende Verde enquanto tenta não chegar atrasado à entrevista de emprego, mas fazia-o com a ajuda do seu sentido de humor e do sentido de justiça.

Raimi não retratou muito o lado cómico da personagem, mas o seu Peter Parker não deixa que a falta de dinheiro para a lavandaria o impeça de ver o lado positivo das coisas. Os filmes são soalheiros, e foi precisamente quando tentou tornar o seu Peter sombrio no sentido da "geração Emo" que fez o terceiro filme descarrilar.

 

Marc Webb até realizou aquela coisa fofinha de nome "500 Days of Summer", e por esse motivo estava à espera de melhor... Enfim, ainda é cedo para condenar definitivamente o filme, mas que me parece um clara tentativa de adaptar um personagem intemporal a uma moda do momento, parece. Safa-se aquele poster do "Rear Window" que este Peter Parker tem no quarto.

Este desejo de lucrar com a geração Twilight ameaça seriamente destruir o futuro dos bons heróis para jovens.

 

 

 

publicado por RJ às 22:03
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