Assisti à masterclass que Eli Roth deu no último dia do festival Motelx no Cinema São Jorge em Lisboa, e gostaria de deixar por aqui alguns pensamentos relativamente ao que esse ilustre convidado disse por lá.
Antes de mais, Eli Roth foi um convidado fantástico. Notava-se um grande prazer por estar ali, o que é sempre de louvar, estabeleceu um excelente contacto com o público com um óptimo sentido de humor, e partilhou ideias e experiências como se estivesse sentado no café connosco. Foi uma experiência fantástica e se alguém relacionado com a organização do Motelx ler isto, que fique a saber que acho que o festival está de parabéns.
O terror mudou depois do 11 de Setembro. Com a masterclass a ter lugar no décimo aniversário dessa data fatídica, o tema era inevitável. Os próprios filmes de Roth são ilustrativos do medo que passou da realidade americana para o Cinema, o medo do outro, o medo do desconhecido, e o medo do que está além fronteiras.
Confirma-se pois que este é um género que não deve ser considerado redutor. A resposta de Eli Roth ao choque e à desaprovação que muitos mostraram no passado em relação aos seus filmes, nomeadamente aos "Hostel", com a sua violência gráfica que marcou o surgimento do torture porn, foi elucidativa disto mesmo. Parafraseando, disse que muitos procuram criticar a violência que vêem retratada em filmes, para mostrarem como têm padrões morais elevados, sem se darem conta daquilo que os filmes representam mesmo.
Por detrás da violência de "Hostel" estão críticas profundas à sociedade moderna e mais especificamente, à sociedade americana. Não é difícil de imaginar que o negócio obscuro retratado no filme (uma organização que oferece ao sector rico da população a oportunidade de experimentar matar alguém), pudesse ser uma realidade. E o retrato propositadamente caricatural do Leste europeu que os protagonistas americanos visitam, não pretende reduzir a Europa, mas expôr a imagem risível que a população americana tem do continente do outro lado do Atlântico.
Eli Roth deu provas de ser tudo menos um jovem realizador americano burro. Não só a cultura que tem relativamente ao que existe fora das fronteiras dos EUA ultrapassa largamente a da maioria dos seus compatriotas, como a visão que tem para o Cinema que pretende ajudar a fazer revela inteligência, bom gosto e muito respeito pelo passado.
Apadrinhado por Quentin Tarantino, mostra como este último, um gosto pelo estilo cinematográfico do passado, mais precisamente pelo terror das décadas de 70 e 80. É esse estilo que incorporou no seu Cinema que mostrou a Tarantino e ao mundo, como ele é o "futuro do terror". Eli Roth pertence a uma jovem geração que apesar de ser jovem, ouviu atendamente o que os mais velhos lhe tinham para ensinar, e rejeitou a educação da MTV.
Só resta dizer que espero que a próxima visita de Roth não demore muito, e que o próximo Motelx seja igualmente lendário.
Há um paralelo interessante entre os Óscares deste ano e os do ano passado.
O ano passado, o favoritismo dividia-se entre "Avatar" e "The Hurt Locker", este ano, entre "The Social Network" e "The King's Speech". De um lado, um Cinema mais moderno, do outro um Cinema no sentido mais tradicional e clássico.
"The Social Network" é um produto de uma nova geração, não só na história, que fala sobre a criação de um site e os dilemas dos jovens milionários da Internet, mas também nos aspectos técnicos, como os rápidos diálogos, e a montagem igualmente veloz. "The King's Speech" é um filme histórico, sem grandes floreados na realização, apesar de ter uma excelente fotografia, que alcança um estatuto extraordinário por contar uma história simples, mas emotiva, e por ter duas grandes interpretações.
Foi uma entrega de prémios previsível, mas justa. Destaco nos actores a vitória de Christian Bale, um grande actor que já devia ter sido nomeado anteriormente, Natalie Portman, que fez um trabalho arrebatador em "Black Swan", e claro, Colin Firth, cuja vitória não podia ter sido mais merecida.
Como nem era adequado dar o Óscar a "Inception", porque convém esperar que o Christopher Nolan esteja também nomeado a Melhor Realizador, o filme de Tom Hooper ganhou com toda a justiça. Excepto claro, na categoria de Argumento Original, onde é imperdoável que Nolan não tenha ganho.
Ainda quanto a "Inception", vale a pena mencionar o merecido Óscar de Melhor Fotografia para Wally Pfister. O trabalho de Pfister tem sido desde "Memento" um elemento indispensável aos filmes de Nolan.
Mas pronto, parabéns a Hooper. Independentemente de os produtores terem ou não, feito pressão sobre a Academia para que ele ganhasse...
Quanto ao resto, o spoof inicial foi engraçado, mas James Franco não estava nada inspirado durante a cerimónia. Deixou os nervos levarem a melhor, e parecia estar paralisado durante a maior parte do tempo. Valeu-lhe a companhia da mais descontraída Anne Hathaway, mas ainda não foi desta que se ultrapassou o belíssimo espectáculo de Hugh Jackman de há dois anos.
Daquilo que vi, quem esteve realmente inspirado foi Kirk Douglas na entrega do Óscar de Actriz Secundária. A provar que a idade às vezes não importa nada.
Resumindo e concluindo, God save the King!
Christopher Nolan divulgou o título do terceiro capítulo da sua trilogia Batman, vai chamar-se (como já devem ter percebido), "The Dark Knight Rises".
Quanto ao vilão, que é também das informações mais aguardadas, é bastante provável que o actor seja Tom Hardy, o Eames do "Inception". A escolha ainda não foi oficializada, mas existe um forte rumor que dá como garantida a presença do actor no filme. Quanto a qual personagem será o vilão, ainda não se sabe, mas Nolan contrariou a grande aposta dos fãs, e disse ém entrevista que não será o The Riddler.
O Mr. Freeze já foi posto de parte há bastante tempo (o que não surpreendeu ninguém, acho eu), e o último rumor aponta para o Killer Croc. Também é no entanto possível que apareça mais do que um vilão novo, caindo um dos vilões para um plano secundário, (um pouco como aconteceu com o Scarecrow).
Aproveito também para enviar por aqui um grande abraço ao Sr. Nolan (esperemos que algum dia lhe chegue), por dizer que o filme não será em 3D. Combater a febre do 3D é mais uma das características que torna Christopher Nolan um dos nomes que mais admiro do Cinema actual.
O realizador argumenta, e bem, que fazer o filme em 3D iria criar algo demasiado diferente visualmente dos dois filmes anteriores, e o objectivo é que a trilogia seja um todo, tanto em termos de história como em termos visuais. Ficou também a indicação de que este será o seu último Batman, encerrando o ciclo da história.
Como fã de Christopher Nolan, dificilmente poderia estar mais entusiasmado para este "The Dark Knight Rises", mesmo que a espera ainda seja longa, (o filme estreia em Julho de 2012).
Não deixa de ser curioso que Nolan não utilize o Riddler. A personagem parecia adequada à Gotham que ele criou, e ao seu gosto por histórias desafiadoras do intelecto, mas não pude deixar de pensar que, o Riddler que eu imagino a viver no universo do Batman de Christopher Nolan, assemelha-se um pouco ao Joker. Talvez a razão da rejeição desta personagem tenha vindo daqui, afinal depois do filme colossal que foi o "The Dark Knight", é preciso pura originalidade, como aquela que só Nolan consegue idealizar, para fazer algo igualmente bom ou melhor ainda.
Podem ler mais aqui!
"Inglourious Basterds" é apenas mais uma obra que mostra algo que não era novidade para mim, e não deveria ser para ninguém: Quentin Tarantino é um dos maiores amantes de Cinema do mundo.
E digo "amante de Cinema" em vez de "realizador", pelo simples facto de que, o que o torna um dos melhores realizadores de sempre, autor não de filmes no sentido de um simples desfilar de fotogramas, mas de verdadeiros Filmes, ser o facto de amar profundamente o Cinema.
Não que o amor por uma arte se possa medir com uma balança, ou por outro meio qualquer, mas quem também ama sente-se ao ver uma obra-prima de Tarantino, (como este "Inglourious Basterds", "Pulp Fiction" ou "Kill Bill"), como se estivesse no seu lar.
Estas obras vivem para além da frieza de câmaras e projectores, são Filmes que se tornam mais do que Filmes e que vivem para além do Cinema: são paixão, arte na sua forma primordial.
Ridley Scott vai regressar ao franchise do monstro viscoso que apresentou ao Cinema, ao realizar uma prequela do seu magnífico "Alien" de 1979.
Quanto a mim, esta é uma excelente ideia. Pode ser que se salve um monstro com muita classe, caído em desgraça com as últimas sequelas. E Ridley Scott é possivelmente um dos meus realizadores preferidos, afinal, trouxe-nos essa suprema obra-prima que é "Blade Runner".
Volta assim o franchise a mãos competentes, e eu tenho esperança que Alien faça um regresso triunfal.
"Chiça Vin, não podias sequer fingir que estás a gostar disto?"
Estava eu a folhear o número da Empire de que vos falei no post anterior, e eis que encontro algo que me pôs logo bem-disposto, após um dia cansativo.
Aparentemente, o realizador de "Babylon A.D.", uma pequena pérola com Vin Diesel estreada há pouco em Portugal, que sinceramente não me deu vontade nenhuma de perder tempo e dinheiro, vem dizer a verdade sobre o que acha do seu filme. E parece que a sua opinião, não é assim tão diferente daquela partilhada pela maioria da "crítica especializada".
Aqui ficam as frases, vindas da boca do realizador Mathieu Kassovitz:
"I don't see how people who went through all these amazing blockbusters like The Dark Knight and Iron Man this summer will take it."
"The second weekend [at the box-office], we're going to lose 30 per cent"
"Bad producers, bad partners, it was a terrible experience"
"Parts of the movie are like a bad episode of 24"
"It's pure violence and stupidity"
Tenho de confessar que esta última frase é a minha preferida. O filme é pura violência e estupidez? Bem, Mathieu, tu saberás, foste uma das mentes brilhantes por detrás dele. Mas olha, é sempre bom ser-se sincero, assim evito eu, e outros, considerar a hipótese de o ir buscar ao clube de vídeo sequer...
A Noiva encontra-se finalmente com a letal O-Ren Ishii. O duelo é travado sobre a neve, e é mais uma homenagem ao estilo dos confrontos de Sergio Leone e aos filmes de artes marciais:
(contem spoilers)
Quentin Tarantino, visto por alguns como um realizador que faz obras demasiado focadas na violência, é considerado por outros, incluindo eu, um dos melhores realizadores da actualidade.
Levou ao grande ecrã histórias apelidadas de obras-primas, e dos seus seis filmes, apenas um não atinge o pódio: "Death Proof". Esta metade do projecto "Grindhouse" resulta em algo cheio do habitual estilo de Tarantino, claramente superior a "Planet Terror" de Robert Rodriguez mas distante do resto da filmografia do realizador.
Como devo publicar nos próximos dias, um artigo a explorar a minha paixão pelo melhor trabalho de Tarantino, (que ocupa a primeira posição nesta lista), deixo-vos o seu TOP 5:
5
"Death Proof"
4
"Jackie Brown"
3
"Reservoir Dogs"
2
"Pulp Fiction"
1
"Kill Bill" (Vol. 1 & Vol. 2)
(contem spoilers)
Na nossa vida, existe uma altura em que todos somos confrontados pela avassaladora sensação de que algo nos transcende e ultrapassa os limites que haviamos definido. Quando tomamos consciência de que o mundo que conhecemos e as suas regras, são apenas uma pequeniníssima parte de um plano muito maior.
"The Village" de M. Night Shyamalan fala-nos dessa esmagadora sensação de enfrentar e suportar o desconhecido.
Ter medo do escuro não é mais do que ter medo do que se desconhece, de algo que não podemos ver e do qual não sabemos o que esperar. E é natural temer o que não conhecemos, faz parte do nosso ser, e ao pôrmos em dúvida a segurança de determinada coisa, estamos a proteger-nos.
Sentimo-nos seguros quando podemos olhar à nossa volta e ver que tudo parece ter um fim e um propósito. A luz traz-nos segurança e a noite traz-nos um manto negro onde não distinguimos um fim.
Os fundadores da vila, usam o desconhecido, a escuridão, para proteger os seus descendentes. Através do medo de criaturas vindas dos bosques, criam uma atmosfera de paz e alegria, parada no tempo, cuja razão de ser se encontra protegida pela ilusão de que algo de terrivelmente mau os ameaça, caso ousem ser curiosos.
Contudo, mesmo parados no tempo onde os vícios e a violência trazidos pelo avançar dos tempos não os atingem, as fundações da comunidade podem ser afectadas...
Não somos nós protegidos em pequenos por limites que nos impedem de cair nas mãos dessa violência da sociedade? E não é o tomar consciência de que algo enorme e por vezes perigoso nos aguarda assim que deixarmos de poder ser protegidos por tais fronteiras, o primeiro passo no crescimento?
Shyamalan conta assim uma história eterna e mágica, sobre esse horizonte longínquo que tememos enfrentar, causa de medos e receios, que é a barreira entre o seguro e o inseguro, o que compreendemos e o que desconhecemos, e os perigos aos quais não podemos escapar.
(com a chegada de "The Happening", nos próximos tempos apresentarei alguns pensamentos sobre as obras de M. Night Shyamalan)
Após a morte da esposa, o reverendo Graham perdeu a fé, e a sua família deixou de estar unida. Numa tentativa de encontrar respostas para a tragédia sofrida, a sua confiança em algo que os proteja do mal foi destruída.
Anuncia-se então o aproximar de uma ameaça, quando estranhos acontecimentos têm lugar um pouco por todo o mundo. As respostas não surgem, e misteriosas formas de vida extraterrestres fazem as suas primeiras aparições.
Ignorando a existência de um sítio seguro para onde se dirigir, a família protege-se dentro de casa, num cerco onde não só é ameaçada pelo terror que se movimenta no exterior, mas também pela falta de fé do pai, que falha em unir a família.
Mais do que um filme de ficção-científica, "Signs" de M. Night Shyamalan, é uma verdadeira obra-prima sobre a procura de fé, e a necessidade dela, quando se enfrenta o desconhecido. A necessidade em ver sinais, em querer acreditar que algo nos protege, e que tudo tem uma razão. A necessidade em ter algo a que nos agarrarmos, quando queremos proteger quem mais amamos, e não sabemos como enfrentar o terror que aperta o nosso próprio coração.
Perante os seus maiores medos, Graham voltará a encontrar a fé. Voltará a acreditar e a perceber que tipo de pessoa é: se alguém que vê sinais e milagres, ou alguém que acredita na obra das coincidências e do acaso.
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