Quinta-feira, 31 de Dezembro de 2009

"Sherlock Holmes"

 

Guy Ritchie trás-nos uma reinvenção da clássica personagem de Sir Arthur Conan Doyle, com visões diferentes sobre as personagens principais, que tentam aproximar "Sherlock Holmes" mais das suas verdadeiras origens, os romances e contos originais, afastando noções que tenhamos da personagem trazidas posteriormente, com peças de teatro e primeiras adaptações ao Cinema.

 

O próprio ponto na história de Holmes de que o filme decide partir é curioso. Apesar de ser a reinvenção da personagem, não é uma típica história de origens, relatando o começo da relação com Watson ou a sua juventude. Aqui, Holmes e Watson partilham já a mesma casa, e várias aventuras, há bastante tempo, Watson pensa já em afastar-se do louco, ainda que empolgante, mundo do seu amigo e casar-se, e Holmes já conheceu uma rival intelectual no sexo oposto com Irene Adler, (Rachel McAdams).

Com todas estas coisas postas de parte, entramos no mundo deste Sherlock Holmes, no meio de aventuras. A personagem já se estabeleceu, assim como a sua relação com o mundo e com as pessoas que gravitam em seu torno. É como entrar na vida de alguém a meio, e ao mesmo tempo, vamos descobrindo as origens da pessoa sem ser preciso que nos sejam expressamente ditas, e tudo parece familiar.

O detective encontra-se porém perante um desafio que ameaça não só pôr à prova o seu intelecto, mas que o ataca intimamente e desafia a sua racionalidade. Este desafio é Lord Blackwood, (Mark Strong, numa excelente interpretação), uma figura sombria pertencente a uma socidade secreta, aparentando possuir poderes além do alcance do comum dos mortais, e que planeia pôr em curso eventos que alterarão para sempre o destino de Inglaterra e do mundo.

 

Aqui temos um elemento que resulta curiosamente bem no filme: incluir toques do sobrenatural. Á primeira vista, dir-se-ia que estas ideias, escapando à racionalidade, não são de forma alguma compatíveis com uma personagem com uma forma profundamente lógica e racional de olhar o mundo, mas o facto de Holmes ser confrontado com alguém que o avisa para o facto de ser necessário ele "ampliar a sua visão" das coisas para compreender os eventos que irão tomar lugar, coloca um fantástico desafio à personagem. Se conhecemos Holmes numa altura em que a sua forma de pensar já está estruturada há muito tempo, é então necessário um elemento diferente para explorar a personagem, o que é personificado neste contraste da forma lógica do pensamento do detective com a ameaça de que poderão existir coisas capazes de frustrar essa lógica, que operam num plano diferente àquele em que Holmes tem domínio.

 

Sherlock Holmes sempre foi alguém capaz de equilibrar a habilidade física com a mental. Já nos contos era descrito como alguém bastante ágil, que era também um pugilista amador e hábil na esgrima. Portanto, não é insulto nenhum à personagem retratá-la como alguém capaz de participar em momentos de acção com uma destreza, e isso leva até a personagem um pouco mais ao encontro das suas origens, (mesmo que o filme possa ter momentos de acção a atirar um pouco para o "cómico-juvenil" como a luta com o gigante francês).

Porém neste ponto, o filme fornece uma visão refrescante da personagem, mantendo a excentricidade original tão caracterísitica e eterna, (fazer experiências por vezes bizarras ou inconvenientes, conseguir passar semanas deitado no sofá quando não lhe é colocado nenhum desafio que estimule o seu intelecto e fazer deduções mais rápidas e superiores às daqueles que o rodeiam, deixando-os várias vezes a ignorar os seus planos), e livrando-o de clichés que acompanham tantas vezes a personagem ao longo dos seus diversos retratos no teatro e no Cinema, aproximando-o um pouco mais das verdadeiras origens.

Nesta nova visão do detective, a interpretação de Robert Downey Jr. torna-se fundamental na personificação de um novo Holmes, que é ao mesmo tempo novo e fiel aos livros. Downey Jr. faz uma interpretação fantástica da personagem, incorporando características clássicas e novos elementos, sendo fiel a quem a personagem era, e tornando-o no seu próprio Holmes, que apesar de diferente, é tão digno de recordar como a interpretação de Jeremy Brett na fabulosa série televisiva. Brett perdurará como uma encarnação absolutamente perfeita da personagem, que é diferente desta, mas em relação à qual esta não se deve sentir de forma alguma envergonhada. Ambas merecem ser recordadas pela sua enorme qualidade, mesmo que devam ser colocadas em patamares diferentes.

 

O novo Dr. Watson é também uma encarnação fenomenal de Jude Law, que livra totalmente a personagem dos seus clichés habituais de ser um senhor de barriguinha ligeiramente desastrado, e ainda que remetendo para a origem da personagem enquanto um veterano de guerra prestes a casar-se, torna-o mais activo e mais capaz de acompanhar Holmes tanto física como intelectualmente. Mesmo que seja muitas vezes superado pelas conclusões brilhantes do seu amigo, não é de forma alguma uma personagem cujas capacidades devam ser menosprezadas.

A parceria entre Holmes e Watson possuí aqui uma química perfeita, dando credibilidade à sua longa parceria e transmitindo ao espectador uma sensação de familiariedade com a dupla, como se ambos fossem dois velhos amigos que encontramos ao fim de alguns anos, que apesar de terem mudado um pouco, permanecem inconfundíveis.

 

Se a acção trás por vezes ao filme um tom de blockbuster moderno, "Sherlock Holmes" consegue ainda assim estar muito acima do rótulo de "filme-pipoca". Os efeitos visuais ajudam a recriar o ambiente vitoriano em que se movimentam as personagens, nunca se sobrepondo ao desenvolvimento destas, e o resultado é uma aventura fantástica com o espírito original de Sherlock Holmes que possui um sabor refrescante e ao mesmo tempo um trave a aventura clássica.

 

Juntando novos elementos à imagem clássica que temos do mais famoso detective do mundo, apresentando uma visão onde o desenvolvimento de personagens não é comprometido pela adrenalina, e mantendo-se fiel às verdadeiras origens deste universo, construindo a sua originalidade com o abandonar de clichés e o aproximar do material de origem, é um filme com tom de blockbuster, mas de um blockbuster a ser levado mais a sério.

Para descobrir ou redescobrir a lenda que é Sherlock Holmes, personagem imortal e intemporal. Um filme a recordar, sem dúvida. 

 

8.5/10

___

 

Lord Blackwood: Mr. Holmes, you must wide your gaze. You underestimate the gravity of coming events.

 

Sherlock Holmes: You've never complained about my methods before.
Dr. John Watson: I've never complained! When have I ever complained about you practicing the violin at three in the morning, or your mess? Your general lack of hygiene or the fact that you steal my clothes?

 

Lord Blackwood: Holmes, you and I are bound together on a journey that will twist the very fabric of Nature.

 

[Holmes is handcuffed to the bed naked with only a pillow covering him. A maid walks in and screams]
Sherlock Holmes: Madame, I need you to remain calm and trust me, I'm a professional. Beneath this pillow lies the key to my release.
[the maid screams again and runs away]

 

 

 

publicado por RJ às 13:36
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Quarta-feira, 30 de Dezembro de 2009

"Avatar"

 

É o super-hiper-mega filme de James Cameron que atraiu para si as luzes da ribalta com o estandarte do 3D, provocando todo o tipo de discussões sobre o futuro, presente e passado do Cinema.

A história? É a "Pocahontas" ou "Dances With Wolves" no Espaço, (a sério), com os egoístas dos humanos a pensarem em iniciar um massacre no planeta alienígena Pandora, para obterem uma valiosa fonte de energia, (e aqui entram os piscares de olho ao massacre dos índios na América, à guerra do Vietname e aos tão actuais problemas relacionados com o petróleo). O ex-marine Jake Sully entra no programa dos avatar, em que um humano transfere a sua consciência para o corpo de um Na'vi, um nativo do planeta, que partilha o seu DNA e as suas feições, e tem como missão infiltrar-se no clã indígena que impede o acesso à maior reserva da preciosa fonte de energia. Mas ao aprender os costumes dos nativos, Jake começa a identificar-se mais com o mundo deles do que com o dele, apaixona-se, e decide juntar-se a eles na luta contra os invasores humanos.

 

A melhor analogia em que consigo pensar para resumir o que "Avatar" é enquanto filme, (e isto porque a analogia é algo de bastante empolgante para o começo de qualquer série de pensamentos), será dizer que ver "Avatar", é um pouco como andar numa diversão de um parque de diversões. Mas uma das diversões mais espectaculares, daqueles parques enormes assim mais no estilo de uma Disneylândia. É como andar na montanha-russa mais topo de gama, mais alucinante, que mais adrenalina ponha a correr pelo corpo fora. Quando acabam as nossas voltinhas pela montanha-russa, saímos, e caso não tenhamos ficado enjoados, e até formos o tipo de pessoa que se consegue divertir com a adrenalina provocada por uma montanha-russa, mesmo que estivesse hesitante em entrar nela, sabemos que passámos um bom bocado. Foi sem dúvida divertido, e sabemos que foi mais divertido do que se fosse uma diversão de uma feira popular.

Porém, quando fôr inventada uma montanha-russa ainda mais moderna, ainda mais topo de gama, esta corre bastantes riscos de cair no esquecimento.

 

Assim é "Avatar" de James Cameron: é um excelente entretenimento, mas não é propriamente uma obra-prima do Cinema. E portanto, no futuro, quando surgirem outros Avatares, este deixa de ter algo de verdadeiramente único para oferecer, mesmo que perdure na História como impulsionador do uso da técnica 3D. É que os efeitos que hoje são topo de gama, amanhã já estão ultrapassados, e são as grandes histórias que perduram no coração dos que amam o Cinema. "Star Wars" é um bom exemplo de uma saga que revolucionou os efeitos especiais, mas que apaixonou e apaixona milhões de pessoas pela história única que conta.

 

Este "Avatar" é um belo espectáculo visual, que deve sem dúvida ser visto em 3D. Tem sequências verdadeiramente magníficas visualmente, as sequências de acção pela floresta e pelos precipícios fora vão proporcionando um bom uso do 3D enquanto ferramenta visual e todo o ambiente exótico do planeta Pandora é bastante colorido, preenchendo o ecrã com imagens que maravilharão qualquer pessoa que aprecie o que a tecnologia dos efeitos especiais trás ao Cinema, (ainda que os efeitos deste filme não me pareçam estar anos-luz à frente dos efeitos visuai de "The Lord of the Rings" ou "Star Wars").

Porém, parece-me a mim que se o visual é o melhor do filme, mostra também o seu maior problema: ser um filme feito a pensar nos efeitos especiais, e não um filme em que os efeitos especiais ajudem a contar a história, na medida em que é a história que prevalece como um elemento original e marcante para o espectador.

 

Por muitas coisas interessantes que a história tenha, (desde os tais piscares de olho, a crítica à irracionalidade dos militares e ao seu recurso fácil ao uso da força bruta, assim como a chamada de atenção para a protecção da Natureza), é uma história pouco original e previsível, em que o espectador consegue prever sem grande dificuldade, como a acção se irá desenrolar, e como tudo terminará. Sem dúvida que procura transmitir ideias interessantes, mas ideias que não são exclusivas a este filme, (mesmo em relação à ideia da energia a unir todas as coisas... alguém disse Força?), procurando Cameron atirar para ali um pouco de "teoria científica", para muitas coisas parecerem menos místicas.

O filme foi claramente pensado como espectáculo visual. Todas estas ideias, por  mais interessantes que sejam, não fazem de "Avatar" um produto único a entrar numa galeria de obras-primas, pois já vimos esta história noutros lados, mesmo que seja divertido vê-la no Espaço com monstros coloridos.

Apesar de ter praticamente três horas de duração, existem partes do filme onde a história parece avançar de forma ligeiramente atabalhoada, e demasiado apressada, (por exemplo, mesmo tendo em conta toda a crença dos Na'vi na sua divindade, a sua aceitação em ensinar Jake é demasiado rápida, e a relação amorosa deste com Neytiri parece um pouco artificial, faltando substância), os diálogos não são muito ricos, e as personagens não são particularmente complexas, acusando isto a forma básica do filme. 

Aproveito e deixo também uma nota para a banda sonora, que fica para o espectador como a música que se ouve num supermercado ou num elevador, sabemos que a música esteve lá, mas não ficou na nossa memória. Já para não falar no tema "I See You" que chega com os créditos finais, e que consiste numa imitação muito fraquinha do tom sentimental e um pouco esganiçado da Céline Dion. Esperava-se mais num filme dito épico.

 

Se "Avatar" anuncia, principalmente com o sucesso de bilheteiras que tem sido, uma época próspera para o desenvolvimento dos efeitos visuais nos filmes, proporcionando entreternimentos cada vez mais empolgantes para o espectador, anuncia também um perigo a que este caminho pode levar: fazer-se um filme a pensar nos efeitos especiais, e não usar os efeitos especiais como ferramenta que ajuda a completar o contar de uma história.

Faltou torná-lo em algo marcante pela história propriamente dita, construir uma história a recordar como uma coisa que nunca tinhamos visto antes, e que nos dissesse realmente algo de forma mais profunda, e não deixar somente na memória dos espectadores que viram um excelente "trabalho de computadores".

 

6/10

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Col. Quaritch: You are not in Kansas anymore. You are on Pandora, ladies and gentleman.

 

Jake Sully: They've sent us a message... that they can take whatever they want. Well we will send them a message. That this... this is our land!

 

Col. Quaritch: You haven't got lost in the woods, have you? You still remember what team you're playing for?

 

Jake Sully: Everything is backwards now, like out there is the true world and in here is the dream

 

 

 

publicado por RJ às 03:02
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Sábado, 18 de Julho de 2009

"Harry Potter and the Half-Blood Prince"

  

É o começo do fim para Harry Potter, que em "Half-Blood Prince" viaja até ao passado de Voldemort guiado pelo Professor Dumbledore e inicia a odisseia final contra as trevas.

Ao mesmo tempo, descobre um misterioso livro de Poções, as hormonas atacam e forças sinistras ameaçam quebrar a segurança do castelo.

 

Antes de mais, quero que algo fique claro: gosto da saga de J. K. Rowling. Sou um fã, não um fã que considera a saga de Harry Potter os melhores livros/filmes de sempre, mas ainda assim, um fã. Gosto e reconheço qualidade neste universo e mais, creio não existir nenhuma vergonha nisso, nem deve existir preconceito quanto a descobri-lo.

 

Longe de serem maus filmes, os dois primeiros ainda que excelentes filmes de família, têm um registo mais infantil, e o crescimento começou com "Prisoner of Azkaban" de Alfonso Cuáron. Em "Goblet of Fire", Mike Newell continuou a lição de crescimento do mexicano e captou Harry Potter de forma realmente adulta e negra. Depois dele, estrearam-se David Yates e um novo argumentista, Michael Goldenberg, que construíram uma quinta aventura interessante, mas irregular, com ritmo demasiado acelerado e alguma falta de fluidez.

Os erros de "Order of the Phoenix" fazem com que fique claro que, o regresso de Steve Kloves, argumentista de todos, menos desse 5ºfilme, não poderia ser mais saudável, dominando este uma melhor capacidade de transposição dos livros para filmes, fazendo a história fluir saudavelmente, sem que as cenas pareçam pecar em coesão e que falte desenvolvimento.

 

Apesar de pensar em algumas coisas que poderiam ter sido acrescentadas, como aproveitar melhor a personagem de Fenrir Greyback (cujo nome nem é mencionado), entre mais um ou dois pormenores, compreendo as razões por detrás das omissões. À excepção do caso do vilão Greyback, as outras coisas omitidas não prejudicam o filme, (o passado de Voldemort possui mais memórias que explicam melhor o seu percurso, mas a sua omissão compreende-se para evitar tornar o vilão o protagonista),  e cenas acrescentadas acabam por resultar bem. Um momento que foi bem alterado é o do desfecho final na Torre, que resulta melhor no filme do que como estava no livro.

As habituais críticas de fãs menos liberais que gostariam de ver no filme uma transposição "tal e qual" do livro não têm grande razão de ser. Os filmes devem ser adaptações com a sua própria identidade, construindo com o rico material de base de que dispõem, algo marcante e não apenas uma simples transposição para a tela, uma visão própria com a sua originalidade, algo que Cuáron iniciou. 

Nisto, acho que Kloves tem sucesso, com a sua habitual coesão narrativa que consegue captar a essência da história.

 

Para além do argumentista, merece destaque a banda sonora a cargo de Nicholas Hooper, (apesar de um regresso de John Williams parecer o melhor para o próximo capítulo, divido em dois filmes), e a fotografia de Bruno Delbonnel.

Nos actores "já não tão jovens",  Daniel Radcliffe amadureceu bem como actor, (bastam as cenas das consequência do duelo com Draco, a performance cómica e natural sobre o efeito da poção da sorte e os dramáticos momentos na gruta, para o provar), e continuo a defender que foi a escolha acertada para o papel, assim como Rupert Grint, responsável como sempre por momentos mais ligeiros, mas bons, e Emma Watson, uma forte presença que vai crescendo na posição de conselheira e "irmã" de Harry, sendo o aproximar de ambos como irmãos, não só convincente como natural. Tom Felton consegue evoluir na sua personagem e captar bem todo o conflito com a aura negra que paira sobre Draco.

Ambas as interpretações de Voldemort no passado, com onze e dezasseis anos são, ainda que breves, incrivelmente arrepiantes, capturando toda a maldade precoce da personagem, mesmo no olhar de uma criança.

 

Falando em jovens, as paixões adolescentes são tema de destaque, e não foram forçadas, desenrolaram-se como no livro e como são na adolescência. Aparecem aqueles toques de patetice, que são naturais, mas também toques de sinceridade, e dão aos personagens um crescimento com os conflitos emocionais com que se deparam.

 

Nos veteranos britânicos, os desempenhos não poderiam ser mais enriquecedores. Jim Broadbent encarna na perfeição o caricato Horace Slughorn e Maggie Smith está como sempre a dar toques de classe. Porém a "alma adulta" é mesmo composta por Alan Rickman e Michael Gambon. Gambon capta a essência de Dumbledore enquanto um guia terno, ligando-se cada vez mais a Harry, e Rickman está cada vez melhor no papel de Snape, que é sem dúvida uma das personagens mais interessantes de toda a história.

 

Visualmente, é como seria de esperar: espantoso. O jogo de Quidditch está mais emocionanate, "sujo" e real do que  foi nos primeiros filmes, a destruição da ponte é muito bem conseguida,  e a sequência da gruta tem um esplendor sinistro que rapidamente se converte numa magnífica visão de pesadelo.

 

Apesar de tudo isto, o verdadeiro aspecto a destacar no filme, aquilo que o faz ser um Harry Potter adulto e negro onde aquele brilho inocente desapareceu dos corredores do castelo, é o que era também o coração do livro: o simbolizar do começo do fim da adolescência dos heróis.

Fora de Hogwarts, os mundos mágico e não-mágico encontram-se cobertos por trevas, e a escola é o último lugar seguro, um lugar onde os jovens heróis se apaixonam, numa busca pela felicidade que contrasta com a falta dela fora desses muros. Mas nas profundezas do castelo, pelas mãos de um jovem que se afasta dessas réstias de felicidade, desenrola-se uma tarefa que destruirá a escola enquanto lugar seguro e que trará uma perda que obrigará os jovens a crescer.

 

No final, os adolescentes são confrontados com o facto de que entram finalmente na idade adulta, e que a dor do mundo exterior ao castelo penetrou finalmente nas suas muralhas. O contraste entre o último lugar onde se procura a felicidade e o mundo exterior onde esta desapareceu é rompido e ambos os mundos se fundem. As trevas são reais e os pequenos deixam de ser pequenos.

A odisseia final de Harry Potter começa quando este, juntamente com Ron e Hermione, fortificam um laço à beira do abismo.

 

O crescimento traz consigo o facto de os lugares idílicos deixarem de o ser para se fundirem com o cinzento do exterior, da inocência que desaparece face à dor do "mundo dos adultos", face à realidade. Simboliza isto também a saga, pois no fundo a história cresce com o crescimento dos personagens, assim como o mundo cresce enquanto nós crescemos com as suas mágoas e o enfrentamos tal como é.

Harry Potter é assim, como o crescimento de todos nós. Começa como a encantadora fábula com toques de inocência e cresce em algo complexo e verdadeiro, cresce para uma fantasia adulta.

"Half-Blood Prince" é mesmo um pequeno clássico de fantasia.

 

8.5/10

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Hermione Granger: How does it feel, when you see Ginny and Dean? I see how you look at her.
Harry Potter: [Ron bursts in with Lavender, after a brief fight, Hermione chases him away with a spell, then sinks down next to Harry crying] It feels like this.

 

Tom Riddle - Age 11: I can make things move without touching them. I can make bad things happen to people who are mean to me. I can speak to snakes too. They find me... whisper things.

 

Harry Potter: Fight back you coward! 

 

[after Harry has told Slughorn about leaving the castle]
Horace Slughorn: [shocked] Harry!
Harry Potter: [imitating Slughorn and hyper from the Felix potion] Sir! 
 

Severus Snape: [to Dumbledore] You ask too much.

 

Albus Dumbledore: In my life I have seen things that are truly horrific. Now I know you will see worse. 

 

Horace Slughorn: Harry! I must insist you accompany me back to the castle immediately!
Harry Potter: That would be counterproductive, sir! 

 

  

publicado por RJ às 16:53
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Domingo, 21 de Junho de 2009

"Terminator Salvation"

 

Ninguém consegue deixar bons filmes em paz, principalmente se já forem autênticas marcas. Os filmes de sucesso que não são marcas, normalmente tenta-se que o passem a ser.

Estamos numa altura em que a indústria cinematográfica tem dificuldade em atrair pessoas ao Cinema. As salas já não são o lugar mágico de outros tempos, e claro, o maior inimigo das produtoras, a pirataria, tem vindo a ganhar mais adeptos.

Portanto, qualquer filme com sucesso é explorado até à exaustão, e a menos que seja muito, muito bem protegido não escapa a ver o seu nome manchado por sequelas de baixo nível.

 

"The Terminator" é um clássico da ficção científica, juntamente com a sequela, "T2 - Judgment Day". Só os tinha visto uma vez, e tinha gostado, apesar de já não me lembrar muito bem. Revi-os há uns dias e fiquei rendido: obras-primas.

Confesso que não revi o "T3 - Rise of the Machines", porque me lembro que o achei muito fraquinho, mas talvez por "descargo de consciência" ainda o vá rever...

Tudo isto para dizer o quê? Que, apesar de James Cameron ter imaginado a história como dois filmes, filmes que se completam um ao outro fazendo perfeito sentido e criam uma magnífica história que consegue abordar diferentes temas sem nunca fugir ao alicerce principal, a febre de tirar de grandes sucessos mais e mais dinheiro é superior.

 

Cameron deu a prova da sua classe ao nunca aceitar regressar e defender que a história não devia ter passado do "T2", e tenho de concordar. Tenho de o fazer também por outro motivo, e aqui, talvez um fã de Terminator maior que eu, (não sou daqueles que conhece pormenorizadamente todos os aspectos do filme), me possa explicar o seguinte: no final do "T2" o Dia do Julgamento é evitado, ora isto cria um grande paradoxo, (numa série que no fundo, representa um paradoxo temporal), o de a guerra ter sido evitada e consequentemente, outros filmes não fazerem muito sentido.

Mas pronto, aqui talvez seja eu que preciso de rever o terceiro, no entanto, qualquer intervenção de alguém que conhece este universo melhor que eu é sempre bem-vinda.

 

Passando ao "Terminator Salvation" propriamente dito, a primeira reacção que tenho é: McG?! Porque raio o McG e quem raio é o McG?! Será que os executivos da produtora do filme pensaram, "Hm, este tipo realizou os "Charlie's Angels", é o homem indicado para fazer o regresso ao Cinema de um dos maiores êxitos de sci-fi de sempre..."?

Já para não falar na escolha de um nome artístico apenas com iniciais, que me causa arrepios quando me lembro quão próximo está de nomes de artistas do mundo do hip-hop e do rap...

Este desabafo serve para dizer que um filme desta dimensão pedia mãos mais competentes. Sim, não é totalmente mau, mas está tão longe da perfeição dos dois primeiros que nos faz questionar se era necessário existir.

 

A razão de existir deste filme parece ser só a seguinte: os efeitos especiais das cenas em que o Cameron retratava o futuro já estão ultrapassados, e como queremos sacar dinheiro, vamos mostrar aquilo como deve ser.

O estilo de "Terminator Salvation" foge ao caos apocalíptico imaginado por Cameron, que fazia lembrar John Carpenter, mas aí, como o visual de cinza e poeira até me convence, e o aspecto visual é mesmo uma das poucas boas coisas que o filme tem para oferecer, até não me incomoda. O filme está muito bem feito do ponto de vista visual, nessa categoria chega mesmo a deslumbrar, (mesmo que no que toca a visuais, até ao momento, "Star Trek" seja o melhor do ano).

A mim também não me incomodam as adições de robôs, (mesmo que incomodem o Michael Bay), desde o gigante robótico que leva pessoas às motas-exterminadoras. Isso até compreendo a razão de existir: cria o tal ambiente futurista, a componente de entreternimento é beneficiada e há mais brinquedos para vender.

 

Tudo isto não me incomoda nada, este lado visual conquistou-me completamente, o que me incomoda é a história.

Marcus Wright, a par com a referida parte visual, é incontestávelmente o melhor do filme. E aqui entram as fraquezas principais: esta personagem é o único elemento novo numa história que já conhecemos e portanto ficamos muito mais interessado nele, e na óptima interpretação de Sam Worthington, do que em John Connor, (o principal, em teoria), com o qual não se conseguiu fazer grande coisa.

O problema aqui não está em Christian Bale. Nem me incomoda particularmente a voz rouca que ele volta a usar vinda directamente do Batman, ele interpreta bem o papel, dentro das limitações que teve, e que são, não se saber muito bem o que fazer com a personagem. Ele é o líder, aquele no centro de tudo e que é tão importante para o futuro da humanidade, mas apesar de sentirmos que ele é o que manda no meio de todos os durões da Resistência, continuamos a não estar muito interessados, e queremos descobrir mais sobre Marcus, que é a coisa mais interessante em todo o filme.

 

Kyle Reese também é bom de ver, principalmente por causa de todos os piscares de olho que são feitos ao primeiro filme (como ele ganhou o hábito de prender a arma ao ombro com uma corda, entre muitos outros).

A aparição do grande Arnold também fica bem ao filme.

 

O que sobressai essencialmente deste "Terminator Salvation" é que não existem grandes argumentos que justifiquem o facto de existir. Eu imagino o McG ou um produtor qualquer do filme a dizer algo como: "Quisemos explorar o outro lado da história, mostrar a outra perspectiva, o que nunca tinhamos visto bem mas sempre quisemos ver, etc, etc...". Perdoem-me, mas tudo isso não passa de uma boa treta. Não precisávamos que o McG nos viesse mostrar a guerra do futuro, mesmo que o tenha feito de forma mais do que eficaz visualmente. Sabíamos que havia uma guerra, e as curtas cenas passadas nesse futuro que Cameron apresentava eram mais do que suficientes, portanto tudo não passou de uma forma de ir buscar dólares, e de o esquema, "um terminator vai ao passado...", já estar gasto.

 

Não é tão mau como muitas coisas que passam nas salas todas as semanas, parece-me ser melhor que o "T3", é decididamente um magnífico espectáculo visual, (onde já agora deixo uma nota para a verdadeira brutalidade do som, que fez as cadeiras tremerem umas três ou quatro vezes), e a personagem de Marcus é o ponto forte da história, (mesmo que seja o único), mas "Terminator Salvation" não deixa de ser um filme muito, muito abaixo da excelência dos Terminator de Cameron, que ficarão para a História.

Esta "salvação", vai ficar para sempre marcada por ser desnecessária e acusar uma necessidade de arrecadar dinheiro, que só insulta quem conhece a qualidade dos "T1" e "T2".

 

Merecedor de uma visualização pelo visual e pelo desempenho de Sam Worthington, de resto, a pensar em Terminator, penso nos dois primeiros. Os restantes são outra saga, a do "Exterminadores Implacáveis Que Não Conseguem Deixar os Clássicos Quietos".

E acho que está tudo dito.

 

6/10

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Kyle Reese: Come with me if you want to live.

 

Marcus Wright: So that's what death tastes like.

 

Kate Connor: What should I tell your men when they find out you're gone?
John Connor: I'll be back.

 

Kyle Reese: [to Marcus] You want to know the difference between us and machines? We bury our dead. But no one is coming to bury you.

 

Dr. Serena Kogan: You cannot save John Connor!
Marcus Wright: Watch me.

 

John Connor: Devil hands have been busy...

 

 

 

publicado por RJ às 23:59
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Domingo, 10 de Maio de 2009

"Star Trek"

 

Para espanto de todos os meus leitores, acho que nunca vi mais do que um episódio (se é que tanto) do "Star Trek". Conheço o "básico", mas honestamente, mesmo sendo eu apreciador de ficção-científica, não me chamava a atenção. Será talvez isto que surpreenderá mais quem estiver a ler estas palavras, e que me surpreendeu a mim próprio, ao perceber o quanto gostei do filme. E, (espantem-se novamente), também não sou admirador dos anteriores trabalhos de J. J. Abrams, como "Lost" (deixei de acompanhar ao início da terceira série) e apesar de reconhecer a originalidade do "Cloverfield", também não me encantou como um golpe de génio, ao contrário deste "Star Trek".

 

Estamos aqui, perante algo de puramente revigorante no mundo dos blockbusters de Hollywood. Sim, existe diversão e efeitos especiais, mas estão num equilíbro perfeito com uma história inteligente, que foge ao argumento reciclado e nos apresenta a ideia do salvamento da humanidade e arredores, renovada, remodelada, como qualquer recuperação de mitos do passado deveria ser.

Sim, a Terra e o Universo correm perigo, mas desta vez, ao contrário do que encontramos normalmente na temporada dos filmes de grande orçamente, sentimos que é diferente. O espectador sente que está perante algo épico e grandioso que consegue de facto, e invulgarmente, levar a sério.

 

É tão raro encontrarmos pequenas pérolas como esta na galeria pipoqueira do Verão, que vale mesmo a pena embarcar de corpo e alma na primeira missão da Enterprise. É uma viagem que não está destinada apenas aos já conhecedores de "Star Trek",  fãs de ficção-científica, fãs de batalhas no espaço ou fãs de entreternimento, está destinado a qualquer pessoa de aprecie bom Cinema. Sim, porque dizer que "Star Trek" é uma excelente peça cinematográfica, longe das galerias pipoqueiras de clones de Michael Bay, não será sacrilégio nenhum, por muito surpreendente que isto possa parecer, vindo de alguém que nunca prestou atenção à série, o que acaba por provar que o filme cumpre, e mais do que cumpre, os seus objectivos.

 

A verdade, é que são surpresas tão agradáveis como esta que glorificam qualquer ano cinematográfico, e qualquer época de entretenimentos de maças, produtos que, regra geral, parecem vindos de uma máquina automatizada que nos despeja a doses industriais, filmes para ver, entreter mantendo o cérebro desligado, e esquecer, dos quais este se distancia, e de que maneira.

 

Quanto às características imagens espectaculares e cenários de outro mundo, cria-se também uma identidade, essencial para distanciar este, de tantas outra ficções-científicas. Encontraremos possivelmente em "Star Trek", o melhor espectáculo visual do ano, que não precisou de optar entre fazer um bom filme e fazer boas cenas de efeitos especiais, equilibrando ambas. A aparição da colossal e tenebrosa nave de Nero é para recordar, assim como as primeiras visões das naves da federação ou a vertiginosa sequência da broca.

 

Revitalizar um franchise não passa simplesmente por "vomitar" os mesmos conceitos já vistos, com toques modernos e meia dúzia de "truques da velha escola do filme-pipoca", de forma a atrair as massas.

A moda dos franchises e dos remakes em Hollywood, que muitas vezes não passa de falta de imaginação, leva novamente a um beco sem saída no que diz respeito à reinvenção, à revitalização, e a imaginação acaba por se perder, vezes sem conta. "Star Trek" apresenta um novo mundo a um novo público, é verdade, mas isso não o impediu de construir uma obra excelente, que não cai nos erros comuns e não escolhe o caminho mais fácil, de tentar arrecadar alguns dólares hoje para ser esquecido amanhã, dando sim, os primeiros passos para algo de memorável.

 

Apresenta-se perante nós algo que, passado o início, já compreendemos ser Cinema a sério, algo com a sua inerente componente de espectacularidade, sem dúvida, mas também com qualidade fora do vulgar.

O argumento torna-se, como sempre é, a chave do sucesso, e aqui, o caminho fácil de jogar com o previsível e nos apresentar uma história que conhecemos de trás para a frente foi recusado, para bem de todos nós. Nota-se respeito pela série, ao construir um argumento mais do que coeso, original, que introduz um universo, apresenta personagens sólidas e lança conceitos da ficção-científica que mostram vitalidade.

 

O equilíbrio e construção de personagens é conseguido recorrendo a um tema que, apesar de já ter sido visto, funciona em perfeita simbiose com os protagonistas, e não se poderia adequar mais ao início de uma epopeia: o legado de pais e a escolha de um destino pelos filhos. Este recomeço de um franchise tão adorado carregava um peso de responsabilidade que não o amedrontou, e o fez, contra todas as probabilidades, contruir algo novo.

 

O tema torna-se ideal na construção das personagens de James T. Kirk e Spock, e une-se à vingança de Nero, que se torna o melhor némesis, procurando vingança viajando no tempo, (com todos os paradoxos que isso possa acarretar), o que toca mais uma vez o tema dos destinos, dos legados, e caminhos que são cruzados e alterados para sempre.

Não poderia ter sido encontrado um melhor alicerce para tal aventura, do que a escolha de um destino, e os sacríficios de pais, que abrem os caminhos de um novo mundo para filhos, da mesma forma que este é um filho da ficção-científica actual que luta, e consegue tornar-se um herói a recordar.

 

Com tamanho feito, este é sem dúvida, um filho pródigo da Hollywood actual, que, a ser bem acompanhado no crescimento, pode tornar também os próximos capítulos, eternos.

 

8.5/10

____

 

Nero: James T. Kirk was a great man... but that was another life.

 

Kirk: Are you afraid or aren't you?
Spock: I will not allow you to lecture me.
Kirk: Then why don't you stop me?

 

Leonard 'Bones' McCoy: Space is disease and danger wrapped in darkness and silence.

 

Sarek: [to Spock] You will always be a child of two worlds, and fully capable of deciding your own destiny. The question you face is: which path will you choose?

 

Christopher Pike: Your father was captain of a starship for twelve minutes. He saved 800 lives, including yours. I dare you to do better.

 

 

 

publicado por RJ às 13:51
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"X-Men Origins: Wolverine"

 

Explorar, ou tentar explorar, aquela que sem dúvida é a personagem mais carismática do universo X-Men era uma jogada inevitável, tal como serão inevitáveis os restantes "X-Men Origins", (a continuar muito possivelmente com Gambit, MagnetoDeadpool), que se seguirem a este.

E é verdade que as características que tornam Logan tão cativante foram um dos pontos que ajudou a tornar os dois filmes X-Men de Bryan Singer em sucessos de qualidade inegável, especialmente "X2", aos quais não se compara o que Brett Rattner fez no "X-Men - The Last Stand", em que também se notou a importância vital de Wolverine , (num tom mais "tipicamente heróico"), em ir segurando a história.

 

O passado misterioso e a luta para perceber as suas origens, naquilo que se torna uma personagem em constante conflito com a sua perda de memória e o seu lado mais animalesco, são temas que dariam por certo um grande filme, mas mesmo não sendo nada mau, fica a sensação de que merecia mais.

 

Despachando já o óbvio, as cenas de acção estão, como não poderiam deixar de estar, muito boas, especialmente o confronto Wolverine/Gambit e a estrondosa perseguição helicóptero/carro contra mota. A chamada "luta final" não se destaca muito, e é superada pelas cenas mencionadas.

Hollywood não perdeu o jeito para as boas cenas de acção, especialmente nos super-heróis, mas apesar de tudo, nota-se alguma, e boa, "contenção" no filme, tentando não cair naquilo que aconteceu em "The Last Stand" com doses de cacetada, procurando uma imitação fácil dos comics. Mesmo tendo em conta o aparato do final deste "Wolverine", mostrou-se uma tentativa de fazer algo mais, "sóbrio".

 

Existe claro, como sempre, o dilema de que o filme tem demasiadas personagens, que acabam por não ser desenvolvidas o suficiente, e que apenas lá estiveram para testarem se valeria a pena terem também um filme próprio. É verdade que, não houve da parte de Gavin Hood, a inteligência de Bryan Singer em aplicar as doses certas de cada personagem para evitar essa sensação, porém, o filme centrava-se em Wolverine, e outros com papéis menores na sua história deveriam permanecer secundários.

Ainda assim, existe a sensação de subaproveitamento de alguns, principalmente do Deadpool no final do filme, (personagem que aliás, não conheço muito), à qual se tenta dar uma grande importância final, que não é correspondida.

 

Não desdenhei por exemplo da aparição do Scott Sommers/Cyclops e do Prof. Xavier, mas eram dispensáveis. O filme devia centrar-se o mais possível em Wolverine, e tais cameos, que a dada altura já parecem ser demais, tentam ou lançar novas caras ou estabelecer um elo com a trilogia, que este spin-off/prequela, dispensa. Tudo isto para nos afastarmos o mais possível da ideia que este é um "X-Men no colectivo" mas sim no "particular", portanto, algumas aparições, quanto mais curtas, melhores.

 

Isto claro, só se aplica àquelas com a categoria de cameo, ou "quase cameo". Todas as personagens que não estejam intimamente ligadas à história, devem ser reduzidas a muito curtas aparições. Não tenho por exemplo, críticas a fazer à breve aparição do Gambit, que serve perfeitamente ao filme. A personagem tinha um curto papel no passado do Wolverine, portanto não necessitava de um papel maior. À excepção do Wolverine e dos mutantes mais ligados à história central do filme, o programa Arma X, como Victor Creed, (uma excelente interpretação animalesca de Liev Schreiber) ou William Stryker, todas as outras não deveriam ser mais do que personagens que cruzam os seus caminhos com os de Wolverine. Acaba por haver algum desiquilíbrio, uns parecem mais importantes do que são, e outros deviam ser melhor utilizados.

 

Fica a ligeira sensação de que certas coisas poderiam ter sido abordadas mais profundamente. A história de vingança assenta-lhe como uma luva, e a relação com Victor Creed está plenamente adequada à personagem, e é no confronto com este outro homem animalesco que o filme se deveria concentrar mais. O final torna-se pouco, e deixa-nos, (ou será "deixa-me"?), a pedir por um segundo filme, que terminasse melhor toda a questão das origens, memória e da busca de identidade, para à qual a solução apressada do filme acaba por não fazer justiça.

 

Perto do primeiro "X-Men", atrás do excelente "X2" e muito à frente da pipocada barata do Rattner.

 

7/10

____

 

Wade Wilson: Great, stuck in an elevator with 5 guys on a high protein diet.
Wade Wilson: Oh Wade!
Wade Wilson: Dreams really do come true.
William Stryker: Now just shut it! You're up next.
Wade Wilson: Thank you sir, you look really nice today. It's the green, it brings out the seriousness in your eyes.
Logan: Oh my God, do you ever shut up, pal?
Wade Wilson: No, not while I'm awake.

 

[Logan reveals the adamantium claws]
Victor Creed: Oooh, Shiny. Tell me something Jimmy, do you even know how to kill me?
Logan: I'm gonna cut your God damn head off. See if that works.
Victor Creed: [Creed laughs]

 

Logan: I'm coming for blood, no code of conduct, no law.

 

Logan: Are you Remy LeBeau?
Remy LeBeau: Does he owe you money?
Logan: No.
Remy LeBeau: Then Remy LeBeau, I am.

 

 

 

publicado por RJ às 02:10
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