Sexta-feira, 3 de Julho de 2009

"Twilight"

 

 

Podiam dizer, "Ah, tu falas muito sobre estas modas adolescentes mas não vês os filmes, se visses secalhar até gostavas", pois bem, não é verdade. Vi esta aventura de vampiros adolescentes, tentando perceber o que está por detrás do seu sucesso.

Ora, a verdade é esta: estava à espera de um fime fraco, ou melhor, mau. Porém, fui surpreendido, o filme não é mau... é impossivelmente mau.

Se algum dia alguém vos disser, "Oh, eu já vi de tudo", mostrem-lhe este filme.

 

A minha primeira reacção é que era impossível ter atingido este patamar do mau, algo de errado se estava a passar. Estaria eu a ter alucinações? Sim, eu estava à espera de algo muito fraco, mas isto é diferente, isto está a um nível tão horrivelmente mau, que desejo solenemente que alguém destrua as cópias existentes desta obra, para que gerações futuras não sejam expostas a semelhante horror.

Enquanto estava a ver o filme era invadido por um misto de sensações: uma vontade enorme de rir e uma vontade enorme de chorar, chorar de desespero. Pensei em parar, mas estava a ser interessante. É um filme tão incrivelmente ridículo que eu tinha de o ver na totalidade, há muito tempo que não testemunhava semelhante horror, era incrível, um verdadeiro fenómeno.

 

Houve ainda assim, algo positivo, é que o filme fez-me meditar profundamente sobre quantos filmes eu teria visto piores ou tão maus como este.

Lembrei-me dos "Fast and Furious", da maior parte dos filmes que passam na TVI ao domingo à tarde, e de dois ou três filmes do Steven Seagal. Ainda assim, preferia uma maratona do Steven Seagal a ter de ver "Twilight" novamente.

 

"Ridículo" está entre as três melhores palavras para descrever esta verdadeira aberração cinematográfica, sendo as outras duas palavras, "nauseante" e "traumatizante". 

Mas não quero que pensem que eu parto assim tão rapidamente para os insultos fáceis, sem avaliar e explicar os meus pontos de vista em maior pormenor. Não, a tortura que é assistir a esta pérola vinda certamente da masmorra de algum sádico, merece que eu seja um pouco mais "técnico".

 

"Twilight" parece saído das fantasias de alguma adolescente mesmo muito muito muito parvinha. Eu não sei quem é a Stephenie Meyer, a arquitecta do livro em que se baseia este filme, mas das duas uma, ou é a pior escritora do mundo sem o saber, ou conseguiu perceber tão bem como funciona a mente das "adolescentes que ainda não acordaram para a vida", que concebeu uma fantasia adolescente tornada realidade.

Não posso frisar isto o suficiente: é ridículo. Todos os diálogos, a história, a forma babada como a protagonista Bella olha para o vampiróide, é tudo tão incrivelmente risível, tão estupidificante, que se fosse efectivamente escrito por uma adolescente, a diferença seria... bem, não haveria diferença, o filme seria igual. 

 

Robert Pattinson acaba de ser promovido a pior actor adolescente da actualidade. É deplorável. Anda por ali a pavonear-se como o grande herói romântico do momento, mas a vontade que me deu foi de mergulhar o seu Edward em água benta na esperança de que se desintegrasse.

Ele tenta ser o "rapaz giro da escola com ar de durão que ignora a rapariga que gosta dele até efectivamente acabarem enrolados", e consegue. Ele torna-se no estereótipo mais mal representado da História dos estereótipos adolescentes. O "ar de durão" dele? Não é "durão", resume-se a uma total inexistência de expressividade no rosto, é basicamente o mesmo que não conseguir mexer os músculos da cara. 

 

A  caracterização dos vampiros adolescentes não é inexistente, é deplorável. Os estereótipos neste filme nascem como cogumelos, desde os maus vampiros, aos bons, que se resumem a indivíduos pálidos que parecem usar batôm , até àqueles que parecem ser os lobisomens, os índios.

Mas a cereja no topo do bolo, a melhor característica dos "vampiros", é brilharem com a luz do Sol. O que eu me ri nessa cena. Eu à espera que quando aquela criatura das trevas caminhasse para a luz do Sol ardesse, e o filme terminasse ali, e as minhas esperanças são frustradas: ele "brilha".

Foi nessa cena verdadeiramente desesperante, tão terrivelmente mal escrita e representada, (tal como todos os outros "momentos românticos"), que comecei à procura das minhas estacas de madeira.

 

"Twilight" é já um case study nas escolas de Cinema, ou pelo menos, deveria ser. Devia constar de uma selecção de filmes que os alunos são obrigados a ver regularmente como forma de lhes mostrar o que nunca deverão fazer, como forma de mostrar a aspirantes a realizadores o que acontece se o equivalente a ter lá um realizador fôr não o ter, e mostrar a jovens argumentistas o que acontecia se estes pedissem às suas irmãs/primas/sobrinhas adolescentes da vaga EMO, para lhes escreverem os argumentos.

 

Uma coisa impressionante que li há uns dias, é que, para além da sequela deste filme sair já no final deste ano, o terceiro filme vai começar e acabar de filmar antes do segundo estrear sequer. A produtora dos filmes está faminta por mais e mais dinheiro tirado dos bolsos de adolescentes que ficam apanhadas por qualquer filme se este conseguir ter a inteligência de descobrir como as suas mentes funcionam, e isto é ao mesmo tempo o que torna "Twilight" estúpido e ainda assim, inteligente. Sim, inteligente, é que como esquema de moda adolescente para sacar dinheiro enquanto o público alvo não enjoa, não podia haver melhor.

Para gerações futuras, ter de ver o que foi o descalabro total do Cinema ao cair em coisas como esta, será muito triste.

 

Têm curiosidade em ver o filme? Não vejam. Ainda estão curiosos? Não o façam, vejam um programa de culinária em vez disto. Continua a apetecer-vos passar por esta experiência traumatizante? Seja, mas vejam em fast forward, não vale a pena perderem duas horas da vossa vida com isto. Não merece nem um cêntimo que gastem em alugá-lo num clube de vídeo.

É o equivalente a agarrarem nas fantasias que uma "adolescente típica" escreve no diário e fazerem disso um filme. É algo surpreendentemente mal representado e surpreendentemente mal escrito.

 

2/10

___

 

Edward Cullen: That's what you dream about? Being a monster?
Isabella Swan: I dream about being with you forever.

 

Edward Cullen: And so the lion fell in love with the lamb.
Isabella Swan: What a stupid lamb.
Edward Cullen: What a sick, masochistic lion.

 

Isabella Swan: Look, You gotta give me some answers.
Edward Cullen: Yes. No. To get to the other side. Uh, 1.77245...
Isabella Swan: I don't need to know what the square root of pi is.
Edward Cullen: You knew that?

 

Edward Cullen: I hate you for making me want you so much.

 

Mike Newton: So, you and Cullen... I don't like it. He looks at you like you're something to eat.

 

 

 

publicado por RJ às 18:04
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Quarta-feira, 3 de Dezembro de 2008

"Quantum of Solace"

 

O Caminho do Consolo

 

Premissa: Traído pela mulher que amava, James Bond lança-se numa busca pela organização que a manipulou, que o leva até um ambientalista sem escrúpulos com ligações a um ditador da América do Sul.

 

Veredicto: Para já, aconselha-se uma coisa: se estão a pensar em ir ver "Quantum of Solace" é indispensável que vejam "Casino Royale", em primeiro lugar, pois ao contrário do que acontece na restante saga de 007, este é mesmo uma sequela, e começa exactamente onde o filme de Martin Campbell terminou.

 

Marc Forster, aqui no seu primeiro blockbuster, dá um cunho pessoal à história, conseguindo continuar o que foi feito anteriormente, mostrando uma personagem, o mais humana possível. O entreternimento está lá, e as cenas de acção do filme são das melhores que a saga tem para mostrar, mas não, não regressámos aos dias de "Die Another Day", com carros invisíveis e satélites que derretem gelo.

 

As coisas que faziam dos filmes deste agente secreto, aquilo que eram no passado, (como os gadgets, a excentricidade a pedir  martinis, as personagens femininas, meramente ilustrativas, e o facto de raramente "sujar as mãos"), que já haviam sido postas de lado em "Casino Royale", continuam de lado, e muito bem. Tal como é dito por Forster, há alguns anos os gadgets pareciam fascinantes, mas no presente, em que estamos rodeados dos mais surpreendentes avanços tecnológicos, nada disso parece interessar tanto, e é hoje mais usado em comédia. Os próprios vilões, também se tornaram mais reais.

É uma nova Era para um James Bond, finalmente adequado ao tipo de espectadores que o Cinema hoje tem.

 

A maioria das críticas feitas a este novo capítulo, da já consideravelmente grande saga de uma das mais populares personagens vindas da terra de Sua Majestade, é a de que possui demasiada acção, logo a começar na abertura do filme.

Para já, diria, em defesa dessa cena de abertura, (seguramente uma das melhores perseguições que vi nos últimos tempos), que está dentro dos parâmetros daquilo que os filmes da saga sempre fizeram: começar com uma cena de acção. Em relação ao resto, acho que nunca podemos deixar passar ao lado a grande componente de entreternimento que James Bond sempre trouxe, e se é verdade que com o filme anterior se tentou dar um tom mais sério à personagem, também é verdade que "Quantum of Solace" pode ser de pequena duração e ter diversas sequências de acção, mas a componente "humana" não foi esquecida.

"Casino Royale" tinha, é certo, um tom diferente, marcado por menos "espectáculo", mas aqui continuamos a ver um Bond diferente de tudo o que a saga já nos mostrou: amargurado, mais violento do que nunca e frio. Diferente do anterior, sem dúvida, mas nunca um mau filme.  

 

Daniel Craig continua a ser a encarnação perfeita, e incomparável de James Bond, justificando todos os elogios que lhe são feitos desde a primeira aventura na pele da personagem, afastando-se do charme, e virando-se para um tom mais real. Difícil de comparar às restantes encarnações do agente secreto? Sim. Mas o melhor, se me pedirem para escolher um.

Bond-girl continua a ser mais do que uma "peça decorativa", mas a sexy Olga Kurylenko, ainda que a desempenhar uma companheira mais interessante do que a maioria, não consegue estar ao nível da Vesper Lynd de Eva Green.

 

Nunca poderemos esquecer, tal como o realizador também refere, que este e o seu antecessor, devem ser vistos como apenas um filme, e bem que poderiam sê-lo (ainda que um filme de umas quatro horas). É verdade que poderia ser maior, para não dar a sensação de que a acção preenche demasiado tempo, mas é uma continuação digna, para o caminho agora traçado ao Sr. Bond. Explosivo, mas não apenas em pirotécnia, também nas emoções que vêmos preencherem a personagem principal, mais humana e credível, do que nunca.

 

8/10

 

Memorable Quotes

 

M: I thought I could trust you. You said you weren't motivated by revenge.
James Bond: I am motivated by my duty.
M: I think you're so blinded by inconsolable rage that you don't care who you hurt. When you can't tell your friends from your enemies, it's time to go.
James Bond: You don't have to worry about me.

 

M: It'd be a pretty cold bastard who didn't want revenge for the death of someone he loved.

 

Camille: You lost somebody?
James Bond: I did.
Camille: You catch who ever did it?
James Bond: No, not yet.
Camille: Tell me when you do, I'd like to know how it feels...

 

James Bond: I don't think the dead care about vengeance.
 

 

 

publicado por RJ às 17:54
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Sábado, 15 de Novembro de 2008

"Eagle Eye"

 

Campeonato Internacional de Pirotécnia

 

Premissa: Duas pessoas comuns vêem-se envolvidas numa grande confusão que só podia estar relacionada com um grandioso segredo governamental. No meio disto tudo, surge um aparente campeonato pirotécnico que culmina numa (óbvia) tentativa de assassinar o Presidente dos EUA...

 

Veredicto: Vou ser sincero. Eu simpatizo com Shia LaBeouf. É um rapaz com piada, tenho de admitir, e no futuro pode revelar-se um excelente actor. Ficou popular com "Disturbia", um "thriller adolescente" engraçado, esteve bem no último Indiana Jones, e deve provavelmente ser a melhor coisa neste novo filme de D. J. Caruso produzido por Steven Spielberg, (que parece ter "apadrinhado" LaBeouf). Ele, a voz da Julianne Moore. e um Billy Bob Thornton que anda por ali com ar enfadado, a ver passar o tempo até ter mais meia-dúzia de milhões na conta bancária para poder pagar as despesas do Natal.

 

A ideia de ter pessoas que são controladas por uma "espécie de mulher" que lhes telefona constantemente e que consegue manipular tudo à sua volta, é curiosa, não fosse ter sido, como era previsível, usada como ponto de partida para uma confusão de proporções épicas, que aproveita o tema das ameaças terroristas, envolvendo centenas de carros destruídos e as habituais conspirações governamentais.

Podia ter sido um filme engraçado sobre o "domínio" que a tecnologia exerge nos nossos dias, ou ter pelo menos, maior imaginação no que toda à identidade da misteriosa mulher, mas não, claro que não. A resposta resolve-se com o cansativo "estratagema ultra-secreto da treta", e acrescenta-se um pouco da ideia já explorada em "2001: A Space Odissey", ou mais recentemente com "I, Robot", da máquina que se revolta contra os humanos. 

 

"Eagle Eye" é aquele divertimento muito ligeiro, que parte de uma premissa interessante para se afundar numa falta de imaginação terrível, como desculpa para mais uma lavagem cerebral de perseguições e sucata a rodos. 

Se tivesse sido realizado pelo Michael Bay, teria mais dez minutos de explosões, com um extra de dois prédios destruídos, mas a diferença não seria grande, não sendo portanto, recomendável a quem sofra de epilepsia.

Apenas mais um para juntar à galeria de confusões pirotécnicas do clube de vídeo da esquina.

 

5/10

 

Memorable Quotes

 

A.R.I.A.: Disobey, and you die.
 

Agent Thomas Morgan: [to field agent] If you're staring at me, it better be because I'm the suspect. If not, get back to work or I swear you're all demoted to something that involves touching shit with your hands!
 

Jerry Shaw: [shouting] Are you the one who called me on the phone?
Rachel Holloman: She called you too?

 

 

 

publicado por RJ às 15:43
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Domingo, 9 de Novembro de 2008

"Tropic Thunder"

 

Quando a Parvoíce Consegue Ser Inteligente

 

Premissa: As filmagens daquele que promete ser o melhor filme de guerra de sempre começam a correr mal, então, o realizador decide mergulhar os actores numa guerra a sério, para ver se consegue pô-los a representar bem, de uma vez por todas.

 

Veredicto: "Tropic Thunder" é o "filme-caricatura" por excelência. Começa por caricaturar os vários tipos de actor: temos o idiota mimado dos filmes de comédia tolos repletos de flatulência, um "actor de método" que já tem na prateleira da sala uma dúzia de prémios, e que tende a levar as persongens que interpreta, demasiado a sério (ou não fosse exemplo disso, ter feito uma operação para ficar com a pele negra, de modo a interpretar a personagem do filme), e o actor dos filmes de acção que perderam a popularidade e que tenta relançar a carreira.

Brinca com uma ideia já pensada, de que, os actores só interpretam bem, quando são colocados em eventos reais, e passa uma brincadeira aos filmes de guerra, analisando os vários clichés, desde o eterno companheiro que morre no campo de batalha, até à típica cena em que, a momentos de arriscarem as suas vidas, os protagonistas revelam as suas questões morais mais profundas e fazem reflexões sobre a namorada, à volta de uma fogueira.

Depois, temos a brincadeira à própria indústria do Cinema, com aquela que, a par da interpretação de Robert Downey Jr., se torna das personagens mais impressionantes do filme: o produtor interpretado por um irreconhecível Tom Cruise. Este produtor acaba também por servir de amostra do quanto implacável pode ser este negócio dos filmes, quando se está disposto a deixar morrer o elenco, de forma a não perder os milhões investidos.

 

No meio de tudo isto, um desfile de parvoíce do mais alto nível, animada pela linguagem mais ordinária, que os durões do Cinema de guerra também tendem a usar com frequência. É um dos grandes momentos da comédia este ano, e a prova de que, Ben Stiller, quando quer, pode dar bons contributos a esta arte.

Um Jack Black obcecado com heroína, um Ben Stiller à procura de uma viragem na carreira, um Robert Downey Jr. como um australiano tornado africano, um Nick Nolte sombrio e um Tom Cruise, absurdamente hilariante. O que podemos pedir mais a um filme que consegue fazer da mais pura parvoíce, algo inteligente que provoca momentos realmente divertidos numa sala?

 

O único ponto em que peca, é que talvez devesse ser um pouco mais curto, para não causar alguma oscilação entre momentos verdadeiramente cómicos e outros mais cansativos lá para a última meia-hora. Mas sem dúvida que consegue misturar personagens estapafúrdios e parvoíce pura, para criar pura diversão.

 

8/10

 

Memorable Quotes

 

Kirk Lazarus: I don't read the script. The script reads me.

 

Kirk Lazarus: Everybody knows you never go full retard.
Tugg Speedman: What do you mean?
Kirk Lazarus: Check it out. Dustin Hoffman, 'Rain Man,' look retarded, act retarded, not retarded. Counted toothpicks, cheated cards. Autistic, sho'. Not retarded. You know Tom Hanks, 'Forrest Gump.' Slow, yes. Retarded, maybe. Braces on his legs. But he charmed the pants off Nixon and won a ping-pong competition. That ain't retarded. Peter Sellers, "Being There." Infantile, yes. Retarded, no. You went full retard, man. Never go full retard. You don't buy that? Ask Sean Penn, 2001, "I Am Sam." Remember? Went full retard, went home empty handed...

 

Les Grossman: Now I want you to take a step back... and literally fuck your own face!
 

Kirk Lazarus: I know what dude I am. I'm the dude playin' the dude, disguised as another dude!

 

 

 

publicado por RJ às 17:26
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Quinta-feira, 16 de Outubro de 2008

"Burn After Reading"

 

Cineastas de Culto

 

Premissa: Quando um ex-agente da CIA decide escrever um livro onde conta inúmeros segredos da agência, não esperava que o CD com estas informações fosse parar às mãos de das pessoas que trabalham num ginásio, e que de imediato decidem construir um plano de chantagem. Mas as coisas não irão correr como planeado a nenhuma das partes, e o caos não se tardará a instalar.

 

Veredicto: A trilogia dos idiotas, está com "Burn After Reading", completa. Com um elenco de estrelas, os bons resultados nas bilheteiras estão garantidos, no entanto, não deixa de ser curioso observar a evolução na carreira dos irmãos Joel e Ethan Coen.

Se noutros tempos eram realizadores de culto, acompanhados por um bom grupo de seguidores, e autores de filmes como "The Big Lebowski", uma obra que gerou um culto, que se vai tornando cada vez maior, e que está agora no topo no que toca a comédias, e para muitos, cinema em geral, agora, gostar de Coen é sinónimo de perceber de Cinema.

 

Mas que esta última afirmação não seja mal interpretada. Gostar do trabalho dos irmãos Coen, é óptimo, pois a sua filmografia está recheada de qualidade. Porém, nos últimos tempos, e especialmente graças a todo o buzz que os envolveu aquando da última cerimónia dos Óscares, alcançaram um novo estatuto.

 

Admito que acho curioso sentar-me na sala de Cinema, olhar à minha volta e observar o tipo de público que está sentado por ali. Se for uma comédia romântica, brotam os casais de namorados, num filme de animação, a pequenada preenche filas e nunca se cala, num filme de acção, o público é geralmente jovem e grande adepto de baldes de pipocas e litros de Pepsi, num filme dos irmãos Coen, a conversa é outra. Sim, porque num filme dos irmãos Coen é provável surgirem debates sobre Cinema antes dos anúncios e trailers começarem a passar, porque o público que se dirige à sala é de outro "calibre". Tenho encontrado sempre um bom número de pessoas acima dos cinquenta anos, aquele género de público (e isto sem querer fazer estereótipos, porque existem sempre excepções à regra), que tem uma opinião vincada sobre o que é lixo cinematográfico e o que não é. Aquele tipo de público que quando se dirige aos Cinemas, nem presta atenção aos posters de blockbusters que estão afixados um pouco por todo o lado.

Isto é a minha opinião claro, aquilo que tenho notado, mas acho claramente que, gostar do Cinema dos Coen, tem-se tornado sinal de cultura cinematográfica. Porque "irmãos Coen" já é sinónimo de um Cinema de outro nível, para outro público.

 

Algo que ajudou os Coen a já estarem enraizados na 7ªarte desta forma, é claramente o seu estilo. Porque se percebe bem quando um filme é de Joel e Ethan Coen. O estilo da filmagem, o humor negro sempre presente, os personagens muito bem construídos que, em alguns casos, como com o The Dude, formaram de imediato um grande número de admiradores, e excelentes argumentos.

 

É o dominar tão bem de todos estes elementos que faz de "Burn After Reading", um excelente filme. É uma sátira ao clima de teorias da conspiração em que se vive, com a sigla da CIA a ser de imediato associada a projectos de dominação mundial, e um desfile de personagens, na maioria tolos, que procuram desesperadamente por um sentido a dar às suas vidas. O melhor exemplo disto é a personagem de Frances McDormand, que não olha a meios para conseguir dinheiro para uma operação plástica, de forma a encontrar o homem ideal. Chad, é o mais tolo de todos os personagens, o que proporciona os momentos mais divertidos, e a melhor interpretação do filme. Brad Pitt é na verdade fenomenal, no papel de uma caricatura ao típico instrutor de ginásio.

 

Não é o melhor filme dos Coen, nem a melhor comédia dos Coen, pois tal posto parece vir a ficar eternamente nas mãos do grandioso The Dude, mas "Burn After Reading" é ainda assim, um excelente filme.

 

8/10

 

Memorable Quotes

 

CIA Superior: What did we learn?
CIA Officer: Uh...
CIA Superior: Not to do it again.
[pause]
CIA Superior: I don't know what the fuck it is we *did*, but...

 

Chad Feldheimer: [on the phone] Osbourne Cox? I thought you might be worried...about the security...of your shit.
 

[after having found a CD they believe contains files of the CIA]
Linda Litzke: You should put up a note in the ladies locker room.
Chad Feldheimer: Put up a note? "Highly classified shit found: Raw intelligence shit, CIA shit?" Hello, anybody lose their secret CIA shit? I don't think so!
 

 

 

publicado por RJ às 22:25
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Sábado, 20 de Setembro de 2008

"WALL·E"

 

A Odisseia de um Improvável Herói

 

Premissa: WALL·E é um pequeno robô destinado a passar a eternidade sozinho a limpar um planeta Terra que se tornou inabitável, até ao dia em que chega EVE, que leva WALL·E numa viagem pelas estrelas, para salvar os seres humanos.

 

Veredicto: Não é mentira que a animação é um género que, de “assunto dos mais novos” passou a um patamar da 7ªarte em que é por vezes mais apreciada até por adultos. “WALL·E”, seguindo um também muito bom, “Ratatouille”, vem reafirmar isto. E a verdade, é que se foram tecidos imensos elogios à jornada que transformou um rato talentoso num cozinheiro de sucesso, a de um pequeno e inocente robô, que nos alerta para os males de uma sociedade em que se polui e consome cada vez mais, e que acaba por salvá-la ao perseguir a vontade de um amor que, de artificial, pouco ou nada tem, é ainda mais enternecedora, ainda mais humana e arrebatadora. Porque quando uma obra-prima nasce, pode nascer das mãos de qualquer um, vinda de qualquer lugar.

 

Nesta visão negra do futuro do nosso planeta, intermináveis arranha-céus de lixo e sujidade são a única prova de que algum tipo de vida “inteligente” passou neste outrora planeta azul, o que sobra da beleza e magia de um lugar que os próprios seres-humanos deixaram de recordar. Os tecnológicamente evoluídos, mas aos quais um robô apaixonado de olhos sonhadores ainda muito pode ensinar, vivem empanturrados, não no lixo que WALL·E diáriamente apanha, mas no seu outro lixo, a epidemia do consumo, a única coisa que lhes preenche a vida, alimentando-os incansávelmente à medida que deixam de poder pensar e até de se poder mover.
Do seu lar não recordam nada. Não conhecem o prazer de proporcionar alegria a alguém, o contentamento das noites outrora passadas a segurar a mão de uma pessoa amada, porque deixaram de amar, enclausurados num mundo gigante, metálico e frio gerido por máquinas, construído pelas mãos destes seres humanos do futuro que, procurando salvação longe de um planeta que se tornou inabitável, acabaram por fazer uma prisão com séculos, destinada a fazê-los sobreviver, nunca a fazê-los viver.
 
“WALL·E” é um filme feito para nos salvar, enquanto ainda há tempo. Para que não tenhamos de esperar por um dia em que aquilo que resta de pequenas imagens em movimentos, o que resta de um filme, retrato da paixão entre duas pessoas, e a beleza e luminosidade ainda contida nos objectos que preencheram as nossas rotinas, ensinem uma pequena máquina, confinada a viver nos destroços da civilização, a desenterrar os sentimentos que noutros tempos comandaram as vidas dos Homens.
 
Mais do que uma obra-prima vinda de uma fenomenal equipa criativa, é uma fábula sobre o destino reservado aos lugares maravilhosos, quando os que os habitam perdem a capacidade de se maravilharem.

 

9/10

 

Memorable Quote

 

Voice in commercial: Too much garbage in your place? There is plenty of space out in space! BnL StarLiners leaving each day. We'll clean up the mess while you're away.

 

Captain: Out there is our home - Home, AUTO! - and it's in trouble. I can't just sit here and do nothing. That's all I've ever done! That's all anyone has ever done on this blasted ship - nothing!
AUTO: In space we will survive.
Captain: I don't want to survive, I want to live!

 

Captain: Computer, define sea.
 

 

 

publicado por RJ às 00:01
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Sexta-feira, 19 de Setembro de 2008

"Get Smart"

 

Salvar o Mundo, Com Boa-Disposição

 

Premissa: Esta é a adaptação da popular série de televisão com o mesmo nome, (também conhecida entre nós por "Olho Vivo"), que segue as peripécias de um agente da CONTROL, Maxwell Smart, e da sua companheira, Agente 99, para salvar o mundo das mãos da organização criminosa, CAOS.

 

Veredicto: A tradição dos filmes agradáveis e divertidos, remonta há muito tempo, e no fundo, se estas comédias ligeiras e bem-dispostas, podem estar recheadas de uma boa dose de clichés, as críticas que lhes são tecidas também não são novidade. Ora lêmos os mais cépticos dizer que é mais um produto da "falta de imaginação" e "palermice de Verão", ora os que gostam da alegria de passar uma tarde de Domingo a rir, e não se sentem defraudados.

Mas a verdade é que, se aprecio um filme divertido, também existem comédias com as quais não me divirto. Portanto, não basta ser uma comédia, ou um filme ligeiro, para o considerar motivo de recomendação a alguém que me diga querer passar uma hora divertido. Mesmo dentro desta categoria, não podemos deixar de exigir alguma qualidade. É aí que entra Steve Carrell.

 

Steve Carrell é, decididamente, dos melhores actores cómicos que o Cinema possui actualmente. Não interessa que "Get Smart" tenha clichés, não interessa que a história de salvar o mundo já tenha sido vista trezentas e quatro vezes, porque nunca foi vista com Steve Carrell.

Começou na bela série "The Office" a captar a minha atenção. Depois no filme "Dan in the Real Life", (também uma comédia romântica merecedora de uma visualização, muito por culpa do actor), fez-me decidir seguir com atenção os seus próximos projectos.

A verdade é que para ser um bom actor de comédia, alguém que consegue provocar sorrisos e riso no espectador, é preciso mais do que fazer caras estranhas, dizer anedotas capazes de poluir o ambiente de qualquer festa, ou protagonizar mudanças de sexo. O estilo de Carrell, a sua presença no ecrã, torna qualquer comédia que protagonize, um entreternimento longe do banal.

Conseguir fazer comédia sem recorrer aos exageros em que caiem a maioria dos actores do género, tendo uma presença no ecrã, sempre serena, distancia-o destes e torna-o realmente um excelente protagonista de aventuras de Verão.

 

"Get Smart" garante risos, e situações cómicas que não caiem demasiado no disparate, conservando sempre a correcta dose de inteligência. Se procuram a comédia ligeira por excelência, não procurem mais, este é o filme que vos colocará um sorriso na cara, pelo menos até acordarem na manhã de Segunda-Feira.

 

7/10

 

Memorable Quotes

 

Maxwell Smart: I think it's only fair to warn you, this facility is surrounded by a highly trained team of 130 black op snipers.
Siegfried: I don't believe you.
Maxwell Smart: Would you believe 2 dozen Delta Force commandos?
Siegfried: No.
Maxwell Smart: How about Chuck Norris with a BB gun.

 

Maxwell Smart: Are you thinking what I'm thinking?
The Chief: I don't know. Were you thinking, "Holy shit, holy shit, a sword fish almost went through my head"? If so, then yes.

 

Agent 99: Use your peripherals!
Agent 99: Do you see him?
Maxwell Smart: I'm just widening my eyes. I don't actually see anything more.
[turns around to look]
Maxwell Smart: Woah, that's a bad guy, that’s a really bad guy! Did you see his face? His head looks like one of the Easter Island heads!
 

 

 

publicado por RJ às 22:28
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Terça-feira, 2 de Setembro de 2008

"Star Wars: The Clone Wars"

 

Fragmentos da Glória de Uma Galáxia Distante

 

Premissa: Passado entre os episódios II e III, este filme de animação traz-nos uma de muitas aventuras passadas durante a Guerra dos Clones. Anakin Skywalker, com a sua aprendiz, é encarregue de resgatar o filho do senhor do crime Jabba, the Hutt, como forma de assegurar que este apoie a República no conflito contra os Separatistas.

 

Veredicto: Ninguém duvida que George Lucas mudou a História do Cinema quando em 1977 estreou "Star Wars", um épico que ajudou a modelar esta arte tal como a vêmos no presente.

Após o sucesso da primeira trilogia, episódios IV, V e VI, e com a ajuda das evoluções tecnológicas do Cinema, em 1999, começou a chegar às salas a segunda trilogia, uma prequela da dos anos 70, concluindo o épico da transformação de Anakin em Darth Vader.

 

Mas sendo que, para além de grande importância naquilo que o Cinema é, a saga "Star Wars" move imensas quantidades de dinheiro, devido à legião de fãs que tem, (na qual eu me incluo), é inevitável que as pessoas por detrás deste fenómeno não queiram explorá-lo o máximo que possam.

A galáxia dos Jedi, espalhou-se desde muito cedo para os mundos da banda-desenhada, literatura e jogos de vídeo. Chegou há uns dois anos em forma de animação ao canal Cartoon Network, com episódios de curta duração, também passados na Guerra dos Clones, mas recebe este ano um novo tratamento, com uma nova animação, cujo primeiro episódio estreou nas salas.

 

Cresci com esta saga de George Lucas. Cresci com "Star Wars" e desde muito cedo, desde que comecei a amar a 7ªarte que ela me acompanha, de facto, podemos até dizer que foi uma das minhas primeiras grandes paixões no que toca ao Cinema. Portanto, independentemente de ser criticada, faz parte do meu imaginário, e enquanto gostar de Cinema gostarei sempre deste mundo numa galáxia distante.

Por muito criticados que sejam, gosto dos últimos filmes, as prequelas, até gosto do tão mal-amado "The Phantom Menace", apesar de reconhecer que é o "menos bom" dos seis filmes.

As minhas esperanças para esta animação não eram muitas, mas ainda acreditava que poderia sair daqui algo interessante. Infelizmente, este "Star Wars: The Clone Wars" é muito inferior aos "verdadeiros" filmes "Star Wars".

 

Visualmente, apesar do desenho estilizado, está muito bem feito. Desde as batalhas, aos cenários de planetas, no campo visual não é um mau filme, o problema é que é apenas isso que nos pode oferecer. A história não é especialmente cativante, e nota-se que é apenas o episódio piloto da série a estrear ainda este ano.

O que torna este episódio, inferior, bastante inferior a todos os outros é que foi feito exclusivamente a pensar em crianças, é uma obra nascida do marketing e do sucesso. Mesmo que os outros filmes, especialmente os episódios I, II e III tenham bastantes sequências de efeitos especiais e sejam capazes de atrair audiências jovens, têm conteúdo que agrada a adultos e aos grandes apreciadores deste universo.

 

Quanto a mim, este "Clone Wars" não pode ser analisado da mesma forma que o épico dos seis episódios. Deve ser visto pelo que é, um filme de animação feito a pensar nos grandes consumidores de desenhos-animados, as crianças. E é certo que agradará às crianças, e pode até agradar a adultos, pode fazer-vos passar um bom bocado, eu passei um bom bocado, mas para se divertirem minimamente com este filme, não podem entrar na sala mentalizados de que vão ver algo com a qualidade dos outros episódios.

E caso vocês sejam, tal como eu, grandes apreciadores da saga, se tiverem crescido com estes filmes, terão de entrar no cinema especialmente mentalizados de que este filme, é o resultado do sucesso dos outros seis, é o resultado do sucesso dos "verdadeiros" filmes, e é feito a pensar quase totalmente na pequenada. Façam-me esse favor e não entrem na sala a pensar que o que se seguirá tem a qualidade da saga que adoram, entrem na sala a pensar naqueles desenhos-animados que os pequenos vêem nas manhãs de fim-de-semana.

 

Vão ver algo infantil, e como "filme infantil", não como "filme Star Wars", é um entreternimento capaz de vender baldes de pipocas e litros de sumo, como qualquer outro.

 

7/10

 

Memorable Quotes

 

[the clonetroopers' transport lands on Teth under enemy fire.]
Clone Transport Pilot: Welcome to paradise, rock jumpers!

 

[during their duel, Kenobi blocks a killing strike from Ventriss and mocks her]
Obi-Wan Kenobi: You'll have to do better than that, my darling.

 

Ahsoka Tano: Great! You woke the baby!

 

Anakin Skywalker: The desert is merciless. It takes everything from you.

 

 

 

publicado por RJ às 22:22
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Quinta-feira, 28 de Agosto de 2008

"Hellboy II: The Golden Army"

 

Do Inferno Para Nos Surpreender

 

Premissa: Hellboy é o filho de Satanás, trazido até ao nosso mundo por um portal aberto há muitos anos pelo maléfico Rasputin. Mas criado por um sábio professor, tornou-se num defensor do Bem, e é agente de um departamento especial do governo americano, que luta contra o paranormal.

Nesta segunda aventura, o herói tem de enfrentar o Príncipe Nuada, que depois de quebrar as antigas tréguas com o universo mágico, planeia acordar o Exército Dourado para restituir o mundo ao domínio do seu povo, e à beleza que outrora possuíu.

 

Veredicto: Guillermo Del Toro tem-se revelado como um dos melhores realizadores do fantasia da 7ªarte. "El Laberinto Del Fauno" é das melhores peças, senão mesmo a melhor peça do género de fantasia desde a trilogia de "The Lord of the Rings". Nesse conto de uma rapariga que descobre a passagem para um reino mágico, somos presenteados com um exemplo magnífico de como transformar um conto de fadas, numa fantasia adulta, negra, em alguns momentos assustadora, mas no fim, possuidora de enorme beleza.

O primeiro filme do herói de Mike Mignola, Hellboy, anterior à incursão no labirinto do Fauno, deixava já antever o potencial do realizador em orquestrar contos repletos de criaturas fascinantes e na maioria das vezes, vindas das trevas. No entanto, esta primeira aventura apenas conseguia ser um filme mediano, que não me arrebatou. Não era detentora da interessante história e visual magnífico de "Hellboy II: The Golden Army".

 

Visualmente, o filme é arrebatador, começando nas sequências de luta, mas especialmente por todo o desenhar do mundo fantástico, povoado por elfos, trolls e muitos outros

Oscilando entre os maravilhos tons dourados e luminosos do mundo do Príncipe Nuada, obrigado a permanecer nas sombras, e os tons cinzentos e sujos do nosso mundo, caminhamos ao encontro de lugares de sonho e criaturas capazes de povoar pesadelos.

Del Toro volta a confirmar o quão extraordinário é a nível visual, conseguindo arrebatar por completo o espectador e imergi-lo num mundo fantástico, sobre o qual, assim que os créditos começam a rolar, desejamos saber mais.

 

Ainda assim, não é apenas pelo esplendor visual que "Hellboy II: The Golden Army" se afirma como um dos melhores filmes em cartaz. Tem uma história inesperadamente profunda e interessante, que, apesar de deixar a sensação de que poderia ter sido melhor explorada, nos faz olhar os males do nosso mundo cinzento, conflituoso e gerido pelo desrespeito, acabando por nos fazer cultivar alguma simpatia para com um vilão, que tudo o que quer, é restituir a esse mundo, a beleza que em tempos teve, e que perdeu.

 

Entre o arrebatamento que inunda a sala, tais são as cores deste contraste entre um mundo mágico que deveria ser o nosso, e o nosso que continua desprovido de emoção, harmonia, paz e beleza, e uma história com aspectos capazes de nos colocar em silêncio alguns minutos, esta é uma aventura que não deveria passar despercebida aos amantes de Cinema espectáculo de qualidade.

 

Por tudo isto, tendo visitado o fantástico imaginário de Guillermo Del Toro, e não podendo evitar ver em tão esplendoroso mundo, reminescências do imaginário de J.R.R. Tolkien, este blockbuster só faz aumentar a expectativa para "The Hobbit" e respectivo "segundo filme", que se prevêem vir a ser obras-primas.

 

9/10

 

Memorable Quotes

 

[after smashing up a dozen of the Golden Army's soldiers]
Hellboy: Industrable, my ass.

 

Prince Nuada: We die and the world will be poorer for it.
 

[Hellboy and Abe look at Liz, sleeping]
Hellboy: [drunk] Look at her, Abe. She's my... she's my whole, wide w... I would... I would give my life for her. But she also expects me to do the dishes!
Abe Sapien: [also drunk] I would die *and* do the dishes!

 

Prince Nuada: [releasing the tooth fairies] Let this remind you why you once feared the dark...
 

 

 

publicado por RJ às 23:16
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Quarta-feira, 27 de Agosto de 2008

"The X-Files: I Want to Believe"

 

Querer Acreditar Não Chega

 

Premissa: Mulder e Scully regressam ao grande ecrã para desvendar uma série de crimes com a ajuda de um padre com poderes psíquicos, numa busca que voltará a testar a relação entre ambos.

 

Veredicto: Num tempo em que as séries de televisão não faziam tão parte da cultura popular, e das agendas de metade da população do globo, "The X-Files" marcou a indústria televisiva e todos os espectadores que seguiam uma série que, de série, passou a fenómeno de culto. Só os mais leigos não identificam a origem daquela músiquinha inicial caso esta resolva passar nalgum lado. A própria forma como são abordadas as teorias de conspiração relacionadas com fenómenos extraterrestres e não só, foi abalada por esta série.

Também eu sou apreciador das primeiras temporadas de "The X-Files", sim, das primeiras, porque confesso que das últimas conheço pouco, e o que conheço entristeceu-me tal foi a  perda de qualidade.

O primeiro filme destes ficheiros secretos, teve pouco sucesso e falhou a corresponder ao que se esperava de uma dupla que marcou uma geração. Era inevitável que se voltasse a tentar conquistar o grande ecrã, mas deverá ficar-se pela segunda tentativa, é que para Mulder e Scully, creio que nem à terceira será de vez...

 

Confesso que até nem estava a desgostar rever tão interessante parelha. Percebe-se logo que não se trata de nenhum filme marcante, mas até captou a minha atenção e me conseguiu entusiasmar um pouco, mas pouco a pouco vai desiludindo, até culminar num final muito fraco. A relação entre os protagonistas é mostrada e explorada o suficiente, tal como já viramos na série. É essa relação que foi responsável pelo sucesso de "The X-Files", e portanto, era impensável não a mostrar no grande ecrã. Não se acrescenta muito à parelha de investigadores, é certo, mas não me senti defraudado pela falta de algo novo, porque tal poderia servir bem como forma de introduzir a série a novos espectadores, o que desilude é a história.

 

Com uma quantidade considerável de histórias interessantes nas primeiras temporadas, chega a ser um insulto não encontrar um argumentista em todo o planeta Terra, capaz de fabricar um argumento que servisse minimamente a uma obra a que eu apenas pedia que fosse um relembrar interessante de uma série de qualidade.

Começa com o padre pedófilo que tem visões do futuro que estão afinal, relacionadas com um dos jovens que abusou em tempos, mas não pára aí, esta história risível vai até ao final, em que se descobre que tudo se devia a uma espécie de aprendizes de Frankenstein, responsáveis por macabras esperiências, e um tipo russo que tudo o que queria, era ajudar o namorado.

Era difícil descer mais no precipício do rídiculo, e dar àquela que é concerteza a última vez que veremos Mulder e Scully regressar, uma história sem interesse, incapaz de cativar o espectador, ou de cumprir sejam quais forem os requisitos pedidos.

 

Acho que o que não falta por aí são bons argumentistas, e argumentistas desejosos de trabalhar, e numa visita a uma escola de Cinema encontravam centenas de argumentos melhores que este. Suspeito até que este suposto "argumento" foram duas ou três ideias lançadas à mesa de almoço, pelos produtores do filme, quase em tom de brincadeira, pois parece claro que "The X-Files: I Want to Believe", é a típica vítima da febre das produtoras em meter uns trocos nos bolsos. Mas ter de insultar tamanho fenómeno de culto, é na verdade, uma lástima.

 

Serve para recordar a série, e mostra decentemente a relação entre o par protagonista, ele crente em fenómenos paranormais, ela, demasiado racional. No entanto, evitem-no, mesmo num Domingo à tarde e mesmo que sejam fãs, e caso queiram conhecer a série, ou relembrá-la, ver a primeira temporada editada em DVD é decididamente a escolha acertada.

 

4/10

 

Memorable Quotes

 

Fox Mulder: Scully? Why would he say that? "Don't give up." Why would he say such a thing to you?
Dana Scully: I think that was clearly meant for you, Mulder.
Fox Mulder: He didn't say it to me. He said it to you. If Father Joe were the devil, why would he say the opposite of what the devil might say? Maybe that's the answer, the larger answer. Don't give up.
 

Fox Mulder: What's up, Doc?

 

Agent Mosley Drummy: I don't believe this.
Fox Mulder: You know, that's been your problem from the very beginning.
 

 

 

publicado por RJ às 23:32
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